Para entrar na atmosfera e ficar a conhecer este espaço de uma forma ainda mais imersiva e ser transportado para os cafés Marrare do século XIX, experimente reproduzir a playlist que por lá toca todos os dias, clicando aqui.
Já está a sentir o ambiente? Boa. Agora importa saber que o icónico Café de São Bento, estabelecido em frente à Assembleia da República em 1982, acaba de chegar à Rua Amarela de Cascais, no centro da vila, a cinco minutos a pé da estação de comboios. Conhecido, por muitos, por servir o melhor bife de Lisboa, vem tentar conquistar este legado também em Cascais. Como de costume, é preciso tocar à porta para entrar.
Desde 9 de abril que é possível degustar aqui rigorosamente o mesmo menu de Lisboa. A mestria do chef Manuel, servida à mesa no Café de São Bento há 39 anos, viaja até à linha. É o responsável pela cozinha desde 1 de maio de 1986, quando saiu da tropa. Nessa altura, servia bifes feitos em fogões Campingaz. Desde então, tem guardado consigo a receita secreta, que se mantém a mesma desde o início, do bife à Café de São Bento, a estrela da casa.
Trata-se de um bife com um molho próprio, inspirado no Bife à Marrare (popular nos cafés homónimos do século XIX), e acompanhado de batatas fritas aos palitos. O bife do lombo pode custar 30€ (200g) ou 35€ (250g), já o da vazia vale 27€ (200g). Embebido neste molho, é realmente delicioso e único. Pelos mesmos preços, consegue pedir o bife grelhado com batatas fritas aos palitos ou às rodelas ou o bife à portuguesa, com alho, louro e presunto e acompanhado de batatas fritas às rodelas.
Em alternativa aos bifes, pode optar pelo bacalhau gratinado com batata, noz moscada e gratin de queijos (23€) ou pela tarte mediterrânea, com legumes estufados, ervas mediterrânicas e tofu em massa folhada, brunhesa de tomate e azeitonas, rúcula e vinagreta de limão (20€).
Para começar, o couvert (4€) traz baguete e pão alentejano torrados com manteiga fresca e mousse de paiola. O steak tartare, um lombo de novilho picado, temperado como manda a tradição e servido com tostas e picante gota para quem quiser (15€), é a entrada mais popular, o que faz todo o sentido, não fosse este um prato fresco e cheio de sabor.
Ainda assim, os camarões al ajillo (14,50€) ocuparam um lugar especial no nosso coração. Antes do conceituado bife, também provámos o presunto pata negra 100% bolota, com 36 meses de cura (18€). Como acompanhamentos pode pedir, por exemplo, batatas fritas (4€), esparregado de espinafres (4,50€), salada verde com tomate seco e parmesão (5,50€) e arroz de jasmim (3,50€).
E, para terminar em beleza, os funcionários, que usam laço e colete tartan, sugerem sobremesas como tarte de lima (9€), tarte tatin de maçã servida quente e com gelado de baunilha (9€) e "o melhor bolo de chocolate do mundo" (9€), um trio de peso no que à gulodice diz respeito.
De segunda-feira a sexta-feira entre as 12 e as 15 horas pode usufruir do menu executivo, com entrada e prato ou prato e sobremesa, bem como água, café ou chá por 27€. O Café de São Bento está aberto todos os dias.
Esta nova localização surge após o proprietário, Miguel Garcia, notar "uma lacuna na oferta" em Cascais. O toldo vermelho erguido onde outrora existia uma loja de música é desde logo reconhecível. O restaurante tem imensa luz natural, por estar rodeado por janelas — mesmo assim, a privacidade está garantida, graças, entre outras coisas, às cortinas típicas de Paris.
"Não queria cortinas de veludo pesadas em Cascais", explica Miguel Garcia. "Usámos todos os elementos que fazem o Café de São Bento", adianta, enumerando a madeira, o latão nos apliques, o veludo, o cabedal e o mármore verde. A cozinha é aberta e, no bar, a coquetelaria é "a mesma de Lisboa: 100% clássico, com alguns twists".
Existem quatro lugares ao balcão para quem prefere ou para quem não consegue mesa. No resto da sala há 52, sendo 16 deles na esplanada que potencialmente se tornará uma das mais cobiçadas deste verão. Parece uma varanda que se estende ao comprido, com mesas para duas pessoas e uma para quatro.
"O Café de São Bento é um restaurante intemporal e atemporal. Nada muda e aqui não é para se ter pressa", avisa o responsável, reforçando: "Não pomos ninguém fora do restaurante. Não há turnos. Podem demorar-se". Ainda assim, não é o espaço indicado para jantares de grupo, já que só aceita reservas para até seis pessoas.
"Que seja uma réplica de Lisboa, mas com singluariedade e individualidade" é o desejo de Miguel Garcia para esta abertura. Além do espaço em São Bento, em Cascais e no Cais do Sodré (no Time Out Market Lisboa), o grupo Café de São Bento detém também o mediterrâneo Bougain e o italiano Corleone, ambos em Cascais, e o Snob Bar, em Lisboa. Ainda este ano, outros dois restaurantes vão juntar-se ao leque.