Abriu a 17 de agosto um novo restaurante nas Docas de Lisboa que ocupa o espaço do antigo Doca Peixe (é sempre bom referir para não ir ao engano) Ainda assim, o peixe não desapareceu por completo com a abertura do Descarado, que se instala na Doca de Santo Amaro para continuar o legado da Cervejaria Sem Vergonha, à responsabilidade dos sócios Diogo Amaral e Francisco Nobre, que são também os nomes por detrás deste novo projeto.
A rebeldia deste Descarado exigiu um reforço para pô-lo na linha, razão pela qual os pilotos de automóveis António Félix da Costa e Lourenço Beirão da Veiga se tornaram investidores do restaurante. "A ideia do Descarado é que é o irmão mais novo do Sem Vergonha e, como todos os irmãos mais novos, é mais irreverente, mais atrevido", descreve Diogo Amaral à MAGG sobre o descaramento que se reflete na carta com um conceito que chega às bocas do mundo.
"Pegámos nas comidas tradicionais portuguesas, como o polvo e o bacalhau, e demos um ar mais sofisticado, aliado a um conceito de comidas do mundo. Temos ceviches, carpaccios, tacos de atum", continua Diogo. Os pratos são preparados pelo chef Sandro Farinho, que já esteve à frente de cozinhas dos restaurantes do chef Kiko, como o Talho e a Cevicheria, cuja experiência trouxe para o Descarado.
No que diz respeito às carnes, há desde entrecôte maturado (30€) ao "imperdível" lombo Wellington para duas pessoas (95€), mas de frente para o rio Tejo o mais apetecível é o peixe apresentado mesmo à descarado — quase a nu. Falamos do "ceviche do mercado que pode mudar dependendo do peixe do dia" (14€), recomenda Diogo Amaral, que continua a lista dos pratos obrigatórios com o taco do chef (11€), também feito com o peixe mais fresco que chega ao restaurante, a salada de polvo coreana (15€) e o carpaccio de carabineiro (25€).
Estas são as sugestões mais frescas, sendo que nos quentes Diogo dá destaque ao pica-pau de atum asiático (15€) e ao arroz nero de carabineiro, com maionese kimchi e salada de alga wakam (28€) — um prato de autor, entre os quais também está o carré de borrego tzatziki, com puré de grão e tomate assado (18€).
Desde que não tenha planos de ir para dentro do rio de seguida, pode reforçar a refeição com um cappuccino diferente daqueles a que estamos habituados. É um cappuccino de camarão, côco e amendoim (6€) que faz parte das sugestões de sopas. Para encerrar, o Descarado não tem piedade de quem gosta de chocolate e sugere um brownie com crumble de amendoim e gelado de caramelo salgado (7€) ou uma tarte de maçã crocante, com gelado de baunilha (6€).
Sabe o que é melhor de tudo isto? É que antes de comer não tem de ser submetido a uma zaragatoa caso vá ao jantar de sexta-feira ou ao fim de semana, porque há duas esplanadas para ocupar. A única coisa que pode (e deve) fazer previamente é beber um cocktail.
Cocktails "sem pudor"
O Descarado está dividido por dois pisos, sendo que no piso zero fica um grande bar convidativo pelo balcão que parece uma sereia, embora nem precise de cantar para atrair os clientes — as bebidas da carta fazem esse trabalho por si só.
"[O bar] tem um cocktail que é o tubarão da veiga, relativo ao Lourenço Beirão da Veiga, e tem o formiga da costa que é para brincar com o nome do António Félix da Costa, porque ele sempre foi tratado como o 'formiga' no mundo dos automóveis", explica Diogo.
Fora estes cocktails, que custam 8€ e não são para beber com a mesma velocidade a que andam os pilotos, há outros "sem pudor" tal não é a deliciosa combinação entre a vodka, o licor de café, o xarope de açúcar e expresso do expresso Tia Martini (8€).