O café Lapo, na Bica, em Lisboa, que recusou fechar, invocando o Direito de Resistência, da Constituição Portuguesa, está já de portas fechadas, depois de ter dado um jantar com várias pessoas dentro do estabelecimento, sem máscara, e depois de a Polícia de Segurança Pública (PSP) ter passado pelo local para ordenar o seu encerramento.

António Guerreiro, um dos proprietários do espaço, desvalorizou a pandemia e as medidas estabelecidas pelo governo para conter o agravamento exponencial dos casos COVID-19, que tem gerado uma enorme pressão nas unidades de saúde.

Apesar de no sábado se ter registado o pior dia da pandemia (quase 11 mil novos infetados e 166 mortes), António Guerreiro nega a eficácia ou relevância do confinamento geral: "Não acreditamos que estas medidas tenham fundamento médico ou científico", disse ao canal "CMTV".

Um restaurante, um bar, um palco e uma loja. As quatro vidas do Lapo
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Os argumentos que usa não são novos, sendo os mesmos proferidos pelo grupo a que se dá o nome de negacionistas. " Vemos os números, as estatísticas, acreditamos que é perigosidade e contagiosidade do vírus não justifica medidas tão drásticas", disse. "Não estamos a morrer do vírus, estamos a morrer da cura."

O jornalista do canal refere, então, os casos dos hospitais de Lisboa e Almada que acusam uma enorme "pressão", dificuldade em dar resposta a tantos doentes, descrevendo, inclusivamente, cenários de "catástrofe" e "pré-catastrofe". "É curioso. Eu não assisto a televisão há alguns anos, porque a televisão estupidifica. Não tenho interesse", diz António Guerreiro. "E por não assistir à televisão, não estou familiarizado com os últimos números da pandemia."

Vai mais longe: "Confesso que, se eu não conhecesse muita gente que assiste televisão, eu nem teria dado conta de que existe uma pandemia." Questionado sobre se conhece pessoas que tiveram infetadas, o proprietário desconversa e fala numa ditadura: "Vejo sintomas de crise financeira e eventualmente de um novo regime dictatorial", diz.

Sobre a doença, diz que no seu circulo de "amigos, conhecidos, familiares, não há absolutamente ninguém que tenha estado gravemente doente ou morrido." Mas estiveram com COVID-19, volta a perguntar o reporter. "Conheço pessoas que estiveram constipadas ou engripadas, como estiveram em anos anteriores."

Depois de agradecer a "avalanche de apoio" que recebeu nos últimos dias, agradece a atuação das autoridades. "[Quero] Agradecer à polícia pela atuação exemplar, humana e solidária", diz.

Sobre se pretende abrir nos próximos dias, o proprietário do café Lapo diz que vai lutar "pelas vias disponíveis": "Havemos de voltar a abrir", diz. "Mas por respeito aos agentes da PSP não abrimos hoje."

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