“O Authentic, muito mais do que a decoração maravilhosa, são as pessoas e a comida que conseguiram fazer”. Foi assim que Érica Sequeira, gerente do mais recente restaurante na Quinta do Lago, em Almancil, Algarve, descreveu o Authentic. Com abertura já este sábado, 1 de junho, Miguel Sequeira, o dono, e todos os funcionários já estão preparados para receber os seus convidados num ambiente que promete ser descontraído e acolhedor, mas desengane-se quem acha que vai para um restaurante comum.
Porquê? Porque o Authentic, mesmo com a sua simplicidade na carta (pelo menos, até certo ponto), é o luxo dos luxos. Casas de banho com papel de parede Versace, móveis da marca portuguesa Boca do Lobo, cujas vendas são 80% para o estrangeiro, um cofre de ouro, uma esplanada em cima de água e bebidas alcoólicas que podem chegar aos 30 mil euros. No entanto, se pensou que não podia ficar melhor que isto, pense novamente, porque há mais.
Cada pessoa que entrar no Authentic vai ser recebido por um dos funcionários, que faz questão de abrir e fechar a porta a toda a gente. Antes disso, é possível usufruir do motorista privado, que, mediante reserva antecipada, o irá buscar a qualquer lado, quer seja à entrada do hotel ou à beira do café da praia. E sim, se chegar ao restaurante e se tiver esquecido da mala no apartamento, o motorista levá-lo-á até ao local. Esta é uma das experiências que o novo restaurante oferece para fazer com que todos os clientes se sintam únicos, num ambiente que, além de descontraído, também quer ser do mais luxuoso que há.
Para apostar nisso, tudo no restaurante está numa paleta de cores que lembra o poder, a realeza, o luxo e o empoderamento. O dourado prevalece, e o preto do mistério está presente em todos os recantos, quer seja na sala comum quer na sala VIP, que leva até 15 pessoas com portas que abafam o som. A cozinha é aberta, fazendo com que todos os clientes consigam ver Ricardo Luz, o chef do novo restaurante, e a sua equipa a cozinhar, e o bar está mesmo ao pé da entrada do Authentic.
Um pianista também estará todas as noites a tocar no lugar de destaque da sala do restaurante, com uma playlist para todos os gostos, fazendo com que a música ambiente não seja aborrecida. A decoração, toda com base na paleta de cores, tem vários elementos que tornam o espaço ainda mais luxuoso, como bonsais, garrafas de vidro de ouro e, mais tarde, diamantes expostos entre os pilares de entrada do restaurante. Já a esplanada puxa a mesma decoração que o interior, com o destaque para um espaço verde com mesas e cadeiras que podem ser utilizadas para ver o pôr do sol a beber um cocktail.
Mas, falando de um restaurante, falemos de comida. A MAGG sentou-se à mesa do Authentic ainda antes da sua abertura, para experimentar a nova carta e todos os seus sabores. Ricardo Luz, o chef, confessou que não está à procura de mais uma estrela Michelin, depois de ter conquistado uma como sub chef no Al Sud Palmares, e sim de mostrar a todos os clientes que a comida típica portuguesa também pode ser servida num ambiente de alto luxo. “O Miguel [o dono, pai de Érica Sequeira] só me disse que eu só tinha de ser eu, a comida que eu quisesse fazer, com a minha identidade”, começou por dizer.
“Só me pediu para que não fosse para uma estrela Michelin, para que fosse comida de conforto, cozinha portuguesa, disse que eu cozinhava bem e para eu ser autêntico. Um grande arroz de lavagante, uma grande perna de borrego, uma cataplana. Coisas minhas e da equipa, quero sempre que todos estejam envolvidos no processo e sozinho não vou a lado nenhum”, acrescentou Ricardo Luz. E assim começaram, então, a sair os pratos.
Primeiro, as entradas. Com o conceito de finger food, aquele tipo de comida que só dá para comer com as mãos, provámos o rissol de berbigão com manteiga de tomate com manjericão e azeite do algarve (12€) e o brioche de caranguejo real com gomas de laranja (39€), que foram rapidamente acompanhados por um copo de vinho branco Quinta das Mestras, um exclusivo do Dão. O rissol, diferente de tudo o que já provámos, tinha uma pasta verde no interior, com um sabor indiscutível a berbigão. Foi o prato que levou a nota 10 no que toca às entradas.
Além destas, também é possível provar bife tártaro (24€), tártaro de atum (27€), amêijoas à Bulhão Pato (42€) ou ainda presunto com espargos (21€), mas passámos logo para a recomendação do chef: a famosa sopa santola (22€) do chef Ricardo Luz, que faz questão de a levar consigo para cada restaurante por onde passa. Composta por caranguejo real e um toque de lavagante, é colocada no prato depois deste ser servido, elevando ainda mais a simples refeição e tornando-a num prato obrigatório a provar.
Para pratos principais, foram servidos um de carne e um de peixe, o pregado com amêijoas e açorda (52€) e o wagyu truffle topinambur mourilles jus (72€), uma carne (que foi, na verdade, substituída por entrecôte por não estar disponível naquele dia) com casca de tupinambo e cogumelos. Apesar de a carne estar tenrinha e a casca de tupinambo, um tubérculo com sabor levemente adocicado para substituir a batata, ter sido uma agradável surpresa, o pregado foi a estrela da noite. O molho branco que se usa para as amêijoas casou muito bem com o peixe, que misturado com a açorda se derretia rapidamente na boca.
No entanto, assim como nas entradas, também existem mais opções, como polvo à lagareiro (47€), arroz peixe com gamba da costa (39€), bife do lombo (varia entre os 55€ e os 90€), carne alentejana (45€), t-bone (55€) e perna de borrego (72€). Para as sobremesas, nada mais típico português que um bom pastel de nata, mas com uma reviravolta que o faz idêntico a um mil folhas. Mil folhas authentic de pastel de nata (16€) foi o que nós provámos, que vinha acompanhado com uma bola de gelado de café, e é um twist à típica sobremesa que pode deixar todos os clientes surpresos com o sabor.
Érica Sequeira disse à MAGG que, mesmo com todo o luxo que os rodeia, os clientes conseguem fazer uma refeição por 150€, mas que o limite “é apenas e só o céu”. Isto porque apenas uma sobremesa no Authentic, para fazer jus ao conceito do novo restaurante, pode chegar aos 600€. Se for pedido o crepe com um copo de conhaque, uma das bebidas com mais álcool à venda, e que está engarrafada numa garrafa de 30 mil euros exposta no bar, pode sair de lá com uma conta bem rechonchuda - mas a barriga, com certeza, vai cheia.