Marisco de todas as maneiras e feitios, peixe fresco, pratos pouco comuns e ainda o melhor prego do lombo que comemos nos últimos tempos. Tudo isto cabe no Marisco na Praça, um acolhedor restaurante no piso 1 da Marina de Cascais (que foi alvo de obras de renovação e prepara-se para abrir vários espaços novos, devolvendo assim vida a este ícone da vila de Cascais, um tanto ou quanto abandonado nos últimos anos) e que nos remete para a ideia de uma peixaria moderna, e com saborosos pratos a sair da cozinha e também da banca de marisco fresco.
É justamente esta banca a primeira coisa que vemos à entrada do restaurante — que para além do espaço interior, tem uma ampla esplanada adaptada mesmo às estações mais frias, com recurso a toldos e aquecedores exteriores —, e é difícil desviar o olhar. Há sapateiras, ostras, vieiras, percebes, gambas, camarão de Espinho, amêijoas, santolas, lingueirão, bruxas de Cascais, conquilhas, ouriços e tanto mais.
Os olhos também comem, e nesta visita da MAGG para almoçar e conhecer o Marisco na Praça já tínhamos escolhido umas quantas coisas a caminho da mesa, mesmo antes de olhar para a carta. O que mal sabíamos é que podíamos (e devíamos) ter feito parte do pedido justamente antes de nos sentarmos, dado que tudo o que é marisco é pedido pelos clientes diretamente na banca, onde é decidida a quantidade e vemos quanto a mesma pesa na conta final.
Falando de preços, todo o marisco é ao peso e indicado no momento, dado que tanto a variedade como o valor da mesma varia consoante os dias. Já no que diz respeito a sabores, a escolha é do cliente. Optámos por pedir lingueirão à Bulhão Pato, gamba do Algarve cozida e lapas, bastando indicar o número da mesa ao colaborador atrás da banca.
Já na mesa, não resistimos a completar o pedido com um guloso queijo de Azeitão e tostas (5,50€), puntillitas (9€), pequenos choquinhos fritos, e um carpaccio de salmão fresco com molho oriental (14,50€), um prato que nos chega da cozinha e indicado como uma alternativa de fusão.
A banca, a assemelhar-se às melhores dos mercados tradicionais, uniu-se numa pontualidade britânica com a cozinha e todos os pratos chegaram à mesa ao mesmo tempo — à exceção do queijinho de entrada, claro está —, prontos para o veredicto. E correndo o risco de parecermos repetitivos, estava tudo maravilhoso (ou quase, vá).
As gambas saborosas, e com uma maionese gulosa que obriga a um mergulho de cada vez que descascávamos uma delas. A mesma maionese está presente também nas puntillitas, que foram uma das maiores surpresas do almoço para quem não aprecia assim tanto fritos. A fritura não era demasiado gordurosa, como tantas são, e os chocos estavam no ponto.
O carpaccio, apesar de fresquíssimo, talvez não tenha mantido a nota de excelência dos restantes pratos: as fatias de salmão pareceram-nos um pouco grossas demais para o prato e o molho um pouco intenso. Mas não deixa de ser um prato agradável e bem conseguido que — alerta, crítica construtiva — pode precisar apenas de uns retoques.
Estávamos mais do que preparados para dar o primeiro lugar de bandeja ao lingueirão, que além de fresco, conseguiu trazer o molho mais delicioso de sempre (e que obrigou a dois cestos de pão), quando trocámos as sobremesas doces por um remate final típico de marisqueira: falamos, claro está, de um clássico prego do lombo no pão (9,50€), mal passado.
A carne desfazia-se na boca, o pão ligeiramente tostado e fofinho, cheio do molho da carne, e um sabor a alho e manteiga suave, mas delicioso. Lingueirão, temos pena, mas o prego ganhou-te. E o Marisco na Praça ganhou o nosso estômago.
O Marisco na Praça tem dois espaços em Cascais: para além do da Marina, que a MAGG visitou, existe um segundo restaurante no Mercado da Vila, no centro de Cascais.