A primeira Gala Michelin Portugal aconteceu esta terça-feira, 27 de fevereiro. As expectativas eram grandes em todo o setor da restauração mas, no final do evento, houve um sentimento coletivo de alguma frustração. Isto porque se esperava que pelo menos um restaurante português recebesse três estrelas, a distinção máxima do Guia Michelin, e que mais espaços fossem classificados com duas estrelas.
O que acabou por acontecer foi que apenas um, o Antiqvvm, ascendeu à categoria duas estrelas, juntando-se aos sete já premiados (e que mantiveram a distinção). Foram também premiados quatro restaurantes com uma estrela Michelin, que se juntaram aos 27 que mantiveram esta classificação.
José Avillez recorreu às redes sociais para refletir sobre o sentimento de "frustração" que se sentiu após este primeiro evento, que marca a separação da atribuição de prémios aos restaurantes portugueses, que anteriormente eram distinguidos numa gala conjunta com Espanha.
"Final de noite da primeira gala Michelin (exclusiva) de Portugal, sentado a refletir sobre o que aconteceu. E a verdade, pondo tudo na balança, o sentimento que fica é de felicidade (...) Tudo na vida é sobre a relação das expectativas com a realidade. E, quando soubemos que Portugal iria ter um guia exclusivo para o nosso País, muita gente pensou que teríamos uma chuva de estrelas", começa por explicar o chef do Belcanto, que detém duas estrelas Michelin há 10 anos consecutivos.
"E por isso, sentiu-se também alguma frustração no ar por não se cumprirem essas expectativas. Mas a verdade é que a Michelin sempre disse que a vinda da gala nada teria que ver com o aumento de estrelas. E, para ser honesto, acredito que a Michelin aqui mostra que é isenta e separa o seu lado comercial da avaliação secreta aos restaurantes", acrescenta ainda Avillez.
O chef continua, elogiando o evento. "Resumindo: foi uma grande noite. Portugal e a gastronomia portuguesa estão de parabéns. Mas se quisermos ver com mais profundidade e nos compararmos com outros restaurantes estrelados por toda a Europa, podemos achar que merecíamos mais. Mais restaurantes com uma estrela, mais com duas estrelas e alguns com três estrelas. Mas quem não ganhou ontem não é pior hoje antes pelo contrário", conclui o cozinheiro.
Em declarações aos jornalistas, no pós-gala, Vítor Matos, que foi o chef mais premiado da primeira Gala Michelin Portugal, admitiu também que "faltou aqui mais do que um três estrelas".
O chef não particularizou, mas disse: "Eu sei aquilo que eu faço, sei o que me deram e sei aquilo que os outros fazem. Quando olho para o que eles fazem, e o projeto é tão focado naquilo, e o dinheiro que se investe naqueles projetos...", lamentou o chef transmontano.