O restaurante que junta as melhores tapas e petiscos, obra do chef Henrique Sá Pessoa, tem novas adições ao menu. Trata-se um reforço ao caráter português da carta do Tapisco, que permite a realização de um roteiro pela gastronomia ibérica sem sequer sair do Príncipe Real, em Lisboa.
Aberto em 2017, este espaço é atualmente coordenado pelo sous chef João Gama, que assumiu a cozinha há cerca de meio ano, mas que integra o projeto desde o início. "Foi sempre a evoluir desde que cá cheguei. As minhas funções atuais são mais acrescidas", explicou-nos, referindo questões como "controlar mais a equipa", fazer "avaliações a estagiários" e horários e ajudar na constituição da carta.
"Como a carta do Tapisco já estava há algum tempo a precisar de pratos novos, decidimos tirar os pratos menos vendidos e fazer um update para os clientes que nos costumam visitar com mais frequência terem outra experiência", disse à MAGG o agora braço direito do chef Henrique Sá Pessoa.
As novidades são todas do lado dos petiscos portugueses e não das tapas espanholas. Antes de começarmos a encher a barriga, bebemos um vermute olave blanco (5€), doce, refrescante e com toques botânicos. Enquanto vermuteria, o restaurante do chef Henrique Sá Pessoa serve vários cocktails com esta bebida alcoólica.
Devidamente aconchegados, venham daí as entradas, que representaram um mix entre os clássicos e as novidades. A já enraizada bomba de Lisboa (12€), que é uma autêntica bomba de sabores dentro da boca (e dos pratos mais pedidos), e o adorado pan com tomate (16€) certificaram-se de que ficávamos bem impressionados logo ao início.
A estes pratos icónicos juntam-se dois tapiscos novos: os peixinhos da horta com molho tártaro (6€) e o peixe marinado (22€). Enquanto os finos peixinhos trazem uma crocância positiva, mas não em demasia graças à tempura mais leve que o habitual, a garoupa com lima, algas e batata-doce de Aljezur faz as delícias dos amantes de ceviche, mas numa versão suave, fresca e sem picante.
Antes de passarmos para os pratos principais, provámos a nova e cremosa sopa de tomate com ovo escalfado e croûtons (6€), cujo ovo é cozido a baixa temperatura e o tomate assado no forno, antes de ser triturado. Nesta fase, já estávamos a enterrar-nos nas confortáveis cadeiras alcochoadas, na esperança de conseguir comer o restante.
Viria para a mesa com tampo em mármore um prato de bacalhau à Gomes de Sá (21€) — verde. Reinventada pelo chef Sá Pessoa, esta receita mais leve do que o que seria de esperar consiste no bacalhau cozinhado a baixas temperaturas, uma esmagada de batata e uma espuma feita com leite, natas e salsa (que lhe garante a tal cor inesperada). Rodeada de ovos de codorniz, esta estreia é finalizada com pó de azeitona. "Bastante bom", é uma aposta para o inverno, segundo o sous-chef.
Um dos ajustes feitos na carta foi a criação de uma secção dedicada, por inteiro, ao bacalhau. São já três os pratos que têm este peixe como protagonista, entre eles o bacalhau à Brás (21€), com batata assada, cebola, alho e gema confitada. Seguramente o melhor bacalhau à Brás que já comemos (o que explica o êxito que tem). Antes de provar, não se esqueça de envolver tudo, de acordo com a dica do sous chef.
E para salvaguardar os interesses dos vegetarianos foi introduzido um cremoso arroz de cogumelos e de queijo da ilha (17€). A degustação terminou com três das sobremesas da carta (que, neste segmento, não sofreu alterações): a mousse de chocolate negro com 70% cacau, flor de sal e esferas de azeite (7€), o toucinho do céu com sorvete de tangerina (7€) e os morangos com calda de açúcar, bolo de azeite, vinho do Porto e gelado de baunilha (7€).
Apesar de estranharmos escolhas como bacalhau verde e chocolate com azeite, acabámos rendidos aos sabores ibéricos do Tapisco. Com mudanças nas secções tapiscos, ovos, bacalhau e tachinhos, este tesouro avermelhado do Príncipe Real está aberto todos os dias da semana.
O Tapisco incentiva os consumidores a partilharem cada prato, para que possam conhecer o máximo possível, já que as doses são bastante generosas. Ainda assim, primam pela leveza e suavidade, conjugada na perfeição com o ambiente descontraído que sempre se fez sentir ao longo deste almoço.