"Babylon" é daqueles filmes em que parece que alguém de um grande estúdio de Hollywood (neste caso, a Paramount Pictures) chegou ao pé do realizador (Damien Chazelle) e disse: "toma lá estes milhões e faz o que te apetecer". No caso do épico (que é também uma comédia e um drama), foram 92,2 milhões de euros para fazer 189 minutos que têm tanto de grandioso como de excessivo (a roçar o absurdo).
Estreado em dezembro nos Estados Unidos, "Babylon" foi uma desilusão no primeiro fim de semana de exibição nas salas de cinema, tendo faturado apenas 3,34 milhões de euros ("Avatar 2" faturou 124 milhões). Apesar disso, o filme que retrata a era do cinema mudo nos Estados Unidos pode ser um potencial candidato aos Óscares deste ano, cujas nomeações serão reveladas na próxima terça-feira, 24 de janeiro.
Qual é, então, a história de "Babylon"? A ação passa-se entre as décadas de 1920 e 1950. Brad Pitt dá vida a Jack Conrad, uma estrela do cinema mudo, conhecida pelo seu estilo de vida excêntrico (e pelos vários casamentos). Margot Robbie é Nellie LaRoy, uma aspirante a atriz e Diego Calva é Manuel Torres, um imigrante mexicano que trabalha como empregado nos Kinoscope Studios.
Apesar de um arranque absolutamente alucinante (com uma das cenas mais bem coreografadas, excessivas e belas da história recente do cinema de Hollywood), o filme vai saltando no tempo, muitas vezes sem acabar ou explorar melhor as histórias das personagens, em particular a do trompetista Sidney Palmer, intepretado por Jovan Adepo, e que protagoniza aquele que é capaz de ser o único momento verdadeiramente emotivo do filme.
Pelo meio há muita droga, muito sangue, bizarrias várias e também muitos momentos de verdadeira homenagem aos homens e mulheres que, atrás das câmaras, fizeram a história do cinema. No final, além de desfechos previsíveis das três personagens principais, uns últimos minutos tão WTF, que fazem "2001: Uma Odisseia no Espaço" de Stanley Kubrick parecer um filme de domingo à tarde.
Vale a pena ver "Babylon"? Sim, mais do que não seja por 'aquela' fabulosa cena protagonizada por Jovan Adepo. Ah, e pela banda sonora original, composta por Justin Hurwitz.