Foi difícil dizer adeus aos ceviches e às margaritas quando o El Clandestino fechou no Príncipe Real, em Lisboa. Mas se chorámos a partida da capital, celebrámos em dobro a abertura em Cascais. Para os mais distraídos, o restaurante mudou-se para o espaço do icónico bar Piper's, mesmo no centro da vila, com uma carta totalmente renovada — e claro que a MAGG tinha de fazer a prova dos nove.
Passámos pela porta do novo El Clandestino, aberta há cerca de dois meses, e tal como João Batista, um dos sócios do restaurante já nos tinha contado anteriormente, encontrámos a mestria do chef Teófilo Quiñones. "Tivemos a sorte de tropeçar num chef peruano que trabalhava num restaurante de estrela Michelin, em Lima [capital do Peru]. Ele é peruano mesmo, tem família em Portugal e estava com alguma vontade de vir para cá. E nós tivemos a sorte de tropeçar nele neste contexto todo", explicou o sócio.
Mas ainda antes de nos lançarmos na comida, numa noite em plena vaga de calor, com os termómetros a chegarem aos 30 graus, claro que abrimos as hostes com bebidas. Entrámos "devagarinho"com um Machu Piscu (9€), com ananás, martini bianco, cardamomo e pisco, e sentimos a frescura do cocktail a refrescar-nos. E sim, esta junção de fruta com as bebidas alcoólicas leve e saborosa levou-nos a pensar que tínhamos ali o escolhido da noite até chegarem as margaritas — e que margaritas.
A clássica (8€), que à exceção de um copo de formato quadrado que não dá lá muito jeito para beber, faz check em todas as exigências. E, meus amigos, não é fácil encontrar uma margarita na perfeição que não tenha sal a mais nas bordas do copo ou saiba às misturas que muitas marcas tentam recriar do clássico cocktail. No El Clandestino, a perfeição chega na forma de margarita, que só é elevada se for fã de morango e preferir provar a margarita Clandestina (9€), com um apontamento de vinagre balsâmico que faz a diferença.
Bebidas asseguradas, há muito para provar e optámos por dividir várias entradas/snacks. Deixámos os pratos principais para uma outra visita — mas vamos voltar para provar o frango dijon (11€) —, e chamámos a jogo dois ceviches para começar, clássicos que permaneceram na carta e uns crepes vietnamitas, uma novidade.
O tradicional peruano (13€) cumpre e estava bastante saboroso, mas o de atum (12€), roubou-nos o coração: peixe fresco, pedaços de tamanho perfeito e um jogo de sabores muito bem conseguido. Quanto aos crepes vietnamitas, com camarão e vegetais (9€), a massa de arroz e o recheio era bom, mas a estrela do prato é o molho que os acompanha, que nos faz querer pedir mais crepes só para os mergulharmos na mistura.
Seguimos caminho para mais novidades, neste caso para os baos de salmão (9€) e ossubuco (7€). Amámos os de salmão, e o molho que os acompanha, e a carne dos de ossubuco estava a desfazer-se, o que é ótimo sinal. Aviso à navegação: a massa dos baos estava ali no limite de ser demasiado farinhenta, e talvez beneficie de ser um pouco menos cozinhada.
Recordam-se de mencionarmos que o novo El Clandestino funciona no espaço do Piper's? Para fazer valer a história do espaço, há lugar na carta para o clássico prego (11€) que durante anos matou a fome de quem visitava o pub."Decidimos manter o prego do Piper's. Está na carta como prego do lombo à Piper's. Foi desenvolvido depois pelo nosso chef, que arranjou o chimichurri [molho tradicional na Argentina e no Uruguai] e uma mostarda mais engraçada", recordou João Batista.
Provámos e aprovámos. Carne (mal passada) no ponto, bom pão e chimichurri caseiro que por si só justifica uma visita ao restaurante.
O melhor de tudo? Se visitar o El Clandestino às sextas-feiras e sábados, pode dançar noite dentro, dado que há música com DJ's, cocktails e, claro, um prego para terminar — e pode usufruir do espaço apenas como bar, sem ser obrigatoriamente necessário marcar mesa para jantar.