Esqueça a máscara à prova de água, limpe as lágrimas e deixe os lenços de papel de lado. Matematicamente falando, sim, esta segunda-feira, 17 de janeiro, é oficialmente o dia mais deprimente do ano. Mas na prática a conversa é outra e há formas de ultrapassar esta data estranha com um sorriso na cara.
E, neste sentido, as plataformas de streaming são as suas melhores amigas. Isto, claro, com a ajuda das nossas sugestões hilariantes que contam com palmas à janela, um exército de ladrões e até casamentos falhados. Mas já lá vamos.
Regressando àquilo que é efetivamente deprimente: a euforia do Natal já lá vai, a passagem de ano também e a primavera tarda a chegar. Para ajudar à festa, a COVID-19 continua na ordem do dia e estamos em pleno mercúrio retrógrado.
É a receita para a tristeza? Talvez. Mas, calma, que o facto de esta segunda-feira, 17 de janeiro, ser considerada o dia mais deprimente do ano em nada tem que ver com estes motivos — e a culpa é mesmo da matemática.
Sim, leu bem. Em 2005, um canal televisivo desafiou o psicólogo Cliff Arnall a desenvolver uma fórmula que identificasse o dia mais triste entre os 365. E Cliff Arnall respondeu ao desafio:[W + (D-d)] x TQ/M x NA é a alegada fórmula mágica.
No caso, "W" corresponde ao estado do tempo, "D" à dívida acumulada, "d" ao salário do mês, "T" é relativo aos dias desde o Natal, "Q" são os dias que passaram desde o último fracasso (está relacionado com as resoluções de Ano Novo), "M" é a motivação geral e "NA" a necessidade de mudança.
Desconhece-se quais as unidades usadas para medir cada um dos elementos da fórmula, mas Cliff Arnall chegou à conclusão de que o pior dia do ano é a terceira segunda-feira do mês de janeiro: internacionalmente reconhecida por "Blue Monday", mas considerada "O Dia Mais Deprimente do Ano", em Portugal.
"Não deixe que uma fórmula o faça chorar ou rir"
Em 2016, mais de uma década depois de o mito assombrar as terceiras segundas-feiras de cada ano, o criador da fórmula corroborou a própria teoria e deixou uma mensagem. "Não deixe que uma fórmula o faça chorar ou rir" — isto, no caso, a propósito de uma campanha publicitária para uma agência de viagens, na qual o objetivo era celebrar "o que realmente interessa".... e as Ilhas Canárias. Mas adiante.
Esta segunda-feira, 17, a MAGG decidiu fechar os olhos à matemática e recorrer às plataformas de streaming para rir à gargalhada e espantar a tristeza. Conheça as sugestões.
1. "Rua da Humanidade 8" (Netflix)
3. "Que Mal Fiz Eu a Deus" (HBO Portugal)
Marie e Claude Verneil são um casal tradicional da velha escola, que integra uma respeitada família católica da classe média alta com quatro filhas.
Apesar das ideologias familiares e contra a vontade dos pais, Isabelle, Odile e Ségoléne avançam com casamentos multiculturais com Rachid, David e Chao respetivamente. E, às tantas, toda a esperança e expectativas recaem sobre a ultima filha, Laure. Quando esta anuncia a sua intenção de casar com Charles, os pais ficam encantados — afinal, vão contar com um casamento tradicional, finalmente! Mas eis que Laure os informa de que Charles é africano e que tudo muda.
Marie cai em depressão e Claude tenta sabotar o casamento. Ele encontra um aliado inesperado, André, o pai de Charles. Ambos concordam em pelo menos uma coisa: o que fizeram para merecer isto?
A resposta está nesta produção francesa, que pretende desconstruir preconceitos culturais enraizados nas sociedade, realizada por Philippe De Chauveron. Para ver na HBO Portugal.
4. "Depois a Louca Sou Eu" (Prime Video)
Afinal de contas, o que é ser normal? É a questão que assombra Dani, desde que se lembra de ser gente. A protagonista da produção brasileira vive numa luta constante com a ansiedade, depois de uma infância pautada pela manipulação da mãe e pela ideia de que o problema é, única e exclusivamente, seu. Mas, assim que alcança a maioridade, tudo muda.
Dani decide apostar em ajuda profissional e tomar as rédeas da própria vida. Depois da terapia e medicação certas, faz-se luz e passa a reger-se pela expressão que dá nome ao filme: "depois a louca sou eu?". Mas, calma, até lá, há um longo caminho a percorrer, repleto de cenários improváveis e diálogos inusitados.
Com Débora Falabella, Yara de Novaes, Débora Lamm, Gustavo Vaz, "Depois a Louca Sou Eu" é uma chamada de atenção ao preconceito inerente aos problemas do foro mental e psicológico. É relevante, sério e necessário; mas, ao mesmo tempo, é leve, descontraído e informativo. Já faz parte do catálogo da Amazon Prime Video.
5. "Don't Look Up" (Netflix)
Quando o professor de astronomia Randall Mindy (Leonardo DiCaprio) e a sua aluna doutoranda, Kate Dibiasky (Jennifer Lawrence), descobrem um cometa cuja trajetória indicia uma colisão direta com a Terra, o pânico instala-se. E o desespero provocado pela previsão de pouco mais de seis meses de vida até ao incidente fatal faz com que recorram aos representantes oficiais do país.
Neste sentido, Mindy e Dibiasky comunicam as suas descobertas à Casa Branca, onde a Presidente (Meryl Streep) está demasiado preocupada com a nomeação para o Supremo Tribunal para se concentrar naquilo que Randall descreve como um evento que vai provocar a extinção humana. A partir daí, "Don't Look Up" não dá tréguas nas acusações cáusticas ao ecossistema político e à comunicação social. Tudo isto pautado por um humor satírico.
Lançado a 24 de dezembro, "Don’t Look Up" já faz parte do catálogo da Netflix.
6. "Carnaval" (Netflix)
A história gira em torno de Nina, uma influenciadora digital que descobre a traição do namorado, termina com ele e decide viajar para Salvador, no Brasil, com as melhores amigas para superar a tristeza. Viagens, loucura, festas dominam as redes sociais da protagonista, mas, offline, nada é o que parece. Há cenários falsos, planos que vão por água abaixo e o suposto paraíso brasileiro, às tentas, revela-se um autêntico pesadelo.
Além do tarot e das redes sociais, "Carnaval" é uma sátira à (alegada) vida das influenciaras digitais, com muita dança, alegria e ilusão à mistura. Para ver na Netflix.
7. "Lá Vêm os Pais" (Netflix)
O filme é de 2018, mas as gargalhadas que proporciona são eternas. Em "Lá Vêm os Pais", o ator Adam Sandler dá vida a Kenny Lustig, um pai (muito, mas mesmo muito) dedicado à felicidade da filha, que se assume como um cavalheiro de classe média, com um posicionamento meio conservador.
Assim que a filha anuncia que está presentes a casar, o pai não hesita e decide arcar com todos os gastos da cerimónia. O que, aparentemente, não teria qualquer problema. Isto se o pai do noivo, um médico prestigiado, não partilhasse da mesma vontade. O pânico instala-se, uma luta de egos sobrepõe-se à boa educação e, na semana do casamento, tudo muda. Os dois entram em conflito e a luta pelo (alegado) melhor pai revela-se hilariante.
Escrito e protagonizado pelo ator Adam Sandler, "Lá Vêm os Pais" reune os ingredientes perfeitos para esquecer os problemas do dia a dia e mergulhar num universo leve e descontraído. Para ver na Netflix.
8. "Encanto" (Disney+)
Sim, estamos mesmo a falar de um filme de animação. Já que há nada melhor do que o universo descomplicado da Walt Disney para nos ajudar a esquecer as (alegadas) consequências de mercúrio retrógrado.
Não, não é um filme assumidamente cómico, é certo, mas deixa qualquer um de sorriso no rosto e gargalhada fácil. "Encanto" conta a história da família Madrigal, que vive escondida nas montanhas da Colômbia, onde a magia está em tudo e todos. Da casa aos animais e dos animais aos membros da família. Sem spoilers, depois de uma tragédia do passado, todos os membros da família acabaram abençoados com um dom mágico, exceto Mirabel, a protagonista da trama.
Aqui, a ideia de que os super-heróis são os únicos capazes de salvar o dia é completamente descartada e, mesmo sem poderes mágicos, Mirabel é a a última esperança da família Madrigal. Parece dramático? Talvez. Mas deixamos a certeza de que vai alegrar esta terceira segunda-feira do ano (leia-se a mais deprimente do ano). Disponível na Disney+.
9. "De Braços Abertos" (Netflix)
Jean-Étienne Fougerole (Christian Clavier) é um intelectual boémio que acaba de lançar o livro "De Braços Abertos", no qual apela aos mais ricos para que ajudem famílias necessitadas. O que, à primeira vista, não comportaria qualquer problema, já que se assume como um forte apoiante da multiculturalidade e da imigração.
No entanto, durante um debate televisivo, o escritor vê a sua legitimidade posta em causa, quando um adversário o acusa de não praticar o que defende na sua obra. Por medo de cair no descrédito, Jean-Étienne promete provar o contrário e, nessa mesma noite, uma família cigana toca à campainha da sua mansão em Marnes-la Coquette — como se de uma autêntica ratoeira do destino se tratasse.
O escritor sente-se obrigado a alojá-los, mas até que ponto estará disposto a pôr em prática tudo o que pregou até à data? É o que pode ver em "De Braços Abertos", uma produção de Philippe de Chauveron, já disponível no catálogo da plataforma de streaming Netflix.
10. "Exército de Ladrões" (Netflix)
Fãs de produções originais da Netflix, esta é para vocês. Especialmente para todos aqueles que abominam desfechos óbvios e crimes meticulosos. Em "Exército de Ladrões", há falhas (muitas falhas), pontas soltas e cenários inusitados. Mas os pontos fortes da trama não ficam por aqui.
Neste filme de Matthias Schweighöfer, Dieter (interpretado pelo ator e realizador) trabalha na caixa de um banco de província, quando uma misteriosa mulher surge como uma proposta inesperada. O protagonista é convidado a descartar a ética profissional para se juntar a um bando de criminosos procurados pela Interpol. E, surpreendentemente (ou não), aceita.
A partir daí, segue-se uma aventura alucinante em que os patifes tentam arrombar uma série de cofres (supostamente) impenetráveis por toda a Europa. Tudo isto com todo o desleixo que os caracteriza. E, claro, uma boa dose de comédia à mistura. Para ver na Netflix, com nomes como Nathalie Emmanuel, Ruby Feed e até Stuart Martin, numa produção original da plataforma de streaming.