Uma mensagem de voz está a circular pelo TikTok – e ainda que as próprias afirmações proferidas pelo interlocutor estejam a inquietar os utilizadores da rede social, saber quem ele é também levantou alguns arrepios.

Tudo começou com Molly Dare, uma produtora e podcaster norte-americana, que publicou um vídeo no Tiktok, no qual reagia a uma mensagem de voz enviada por um homem chamado Dimitri. Ainda que o áudio já tenha 10 anos e não tenha sido enviado a Molly, a mensagem evidenciava uma série de coisas duvidosas – especialmente tendo em conta que se dirigia a uma mulher “elegante” que tinha conhecido na rua.

“Eu deixei-te uma mensagem há vários dias. Não gosto de deixar segundas mensagens, mas gosto de ti – és uma mulher muito elegante, muito atraente. Mas eu não jogo a esse jogo. Então, é assim que vai funcionar”, dizia Dimitri.

Logo de seguida, forneceu à mulher a quem se dirigia as regras que tinha de seguir, enaltecendo as suas próprias qualidades: “Se eu não receber um telefonema teu até as 15h de quinta-feira, já não vou estar interessado. Sou muito inteligente, sou ótimo na cama, ganho muito dinheiro. Acredites ou não, sou um bom partido”.

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Dimitri continuava a conversa, sugerindo que, por detrás da ausência de resposta, estaria um potencial histórico de problemas pessoais da mulher. “Agora, eu entendo se tiveres outros problemas. Talvez tenhas sido abusada na infância. Talvez sejas apenas alguém que está extremamente assustada e tem um transtorno de ansiedade. Talvez estejas a tomar algum medicamento para isso”, especulava.

Embora Dimitri se tivesse em ótima conta, considerando-se “dos poucos homens da cidade que não tem nada de errado”, as expressões de choque de Molly Dare deixaram os espectadores a pensar o contrário: será ele um homem ou apenas uma mina de red flags [sinais de alerta]?

Mas quem é "Dimitri the Lover"?

"Dimitri the Lover" é um pseudónimo usado por este homem de 58 anos, um ex-médico que serviu como oficial nas Forças Armadas do Canadá, país onde nasceu. No entanto, na verdade, chama-se Dimitrious Sarafopoulos, mas todos o conhecem por James Sears – e a gravação da chamada é apenas uma gota num oceano de abusos sexuais e antissemitismo.

James Sears acabou por perder a licença médica em 1992, precisamente por ter sido dado como culpado num caso de de má conduta profissional, que incluía envolvimento “sexual impróprio com pacientes”, informou o "Toronto Star", citado pelo "New York Post". Depois, por volta dos anos 2000, começou a popularizar-se pelos correios de voz que deixava a várias mulheres – e que, de tempos a tempos, ressurgem na Internet, chocando quem se depara com eles sempre da mesma maneira.

Entretanto, James Sears tornou-se editor da "Your Ward News", que foi considerado pela "Vice" a publicação "mais racista do Canadá". Por isso, em janeiro de 2019, tanto James Sears como o seu colega LeRoy St. Germaine foram considerados culpados de crimes de ódio disseminados na publicação que geriam. Em causa estavam conteúdos discriminatórios em relação às mulheres e aos judeus – tendo este último grupo sido protagonista numa caricatura que lhes colocava chifres na cabeça e a beber sangue de crianças.

A imprensa canadiana, segundo a "Vice News", avançou que Sears ainda tentou recorrer da decisão, alegando que o seu advogado teria perdido o caso intencionalmente, mas o juiz negou esse pedido e sentenciou-o de imediato. Por isso, depois de ter passado um ano na prisão, acabou por sair em liberdade condicional e não tardou muito até voltar a ser preso, depois de, em fevereiro deste ano, ter proposto "publicamente uma execução pública horrível” para a diretora geral da Saúde do Canadá, Theresa Tam.