Uma operação de antiterrorismo da polícia britânica resulta na morte de um homem inocente. Um erro de planeamento leva a que a equipa responsável pela rusga entre no apartamento errado e dispare sem hesitar. Prevendo o escrutínio mediático, o topo da cadeia hierárquica que rege a equipa procura encobrir o caso, mentindo sobre as circunstâncias da operação e protegendo todos os agentes envolvidos. Um deles, Steve Arnott (interpretado por Martin Compston), recusa fazer parte do circo e denuncia os colegas, mas não sem antes ser alvo de um processo disciplinar por desobediência.

Em tribunal, o caso não avança; Steve perde e é despedido, mas equipa e os agentes que a compõem mantêm-se no ativo. Assim começa "Line of Duty", a série britânica escrita por Jed Mercurio ("Bodyguard"), que conta já com cinco temporadas e todas elas inteiramente disponíveis na Netflix.

Mais do que manter o espectador agarrado ao ecrã, o arranque da história serve o propósito igualmente importante de estabelecer as motivações éticas e morais de Arnott, o protagonista. É que depois de perder em tribunal, o agente caído em desgraça é contratado para outro departamento da polícia britânica, o de anticorrupção, no qual terá de investigar, perseguir e interrogar outros polícias como ele. 

E o primeiro caso tem tanto de delicado como de complexo. Recém-chegado ao novo departamento, Arnott descobre que há outros agentes envolvidos numa ampla rede de crime organizado que, entre outras coisas, se envolvem em tráfico de influências para gerir os interesses da polícia. Mas esta não é uma série de polícias como as outras.

Aqui, e ao contrário do que estamos habituais a ver, as perseguições a alta velocidade são substituídas por interrogatórios intensos e cujas reviravoltas fazem mexer a história. Se gostou do que viu em "Criminal: UK", série cujo desenvolvimento narrativo acontece apenas através de sessões de interrogatório, a fórmula vem de outras que "Line of Duty", lançada em 2012, homenageia na perfeição.

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Mas aqui a ação não está circunscrita a uma sala de interrogatório. Há investigação, trabalho de campo, operações especiais e é dado espaço para que todas as personagens se desenvolvam com alguma fluidez, cada uma no seu universo. Mas porque é uma série britânica — e a crítica diz que é uma das melhores séries policiais atualmente em emissão —, o que pode esperar é um ambiente mais negro e denso, especialmente quando comparada com as produções americanas.

"Line of Duty" é da BBC e, em Portugal, tem transmissão assegurada pela Netflix que já disponibiliza as cinco temporadas — em que cada uma nunca chega aos oito episódios. A sexta temporada tem estreia marcada para 21 de março e espera-se que, pouco tempo depois de passar na BBC, faça também parte do catálogo da plataforma de streaming.

Do elenco da série fazem parte nomes como Adrian DunbarVicky McClureCraig ParkinsonAiysha HartMaya Sondhi e Stephen Graham.