E se a água potável se tornasse um luxo? E se o saneamento deixasse de ser um serviço básico para se tornar numa ameaça existencial? Estas são algumas das perguntas inquietantes que “A Memória do Aqueduto” lança ao público, num cenário que não podia ser mais simbólico, um reservatório de água desativado, no Amial, Porto.

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A peça do coletivo portuense Visões Úteis estreia a 15 de maio (com sessões às 21h00 e 23h00), integrada na 48.ª edição do FITEI – Festival Internacional de Teatro de Expressão Ibérica. Em palco ou dentro de um espaço técnico onde outrora se guardava água, os espectadores vão mergulhar, num espetáculo em modo trip-SciFi-retro-político, como descrevem os próprios criadores.

Concebida por Carlos Costa e Jorge Palinhos, a peça junta dois engenheiros um de Porto, outro de Atenas que procuram soluções para um futuro onde a água potável escasseia e os esgotos ameaçam tudo à superfície. O mais curioso é que os atores são mesmo engenheiros de verdade, com experiência em gestão de águas.

“A Memória do Aqueduto” inspira-se no ciclo da água, nos subterrâneos da cidade e nas estruturas invisíveis que sustentam a vida urbana, como o Aqueduto de Adriano, construído no século II d.C. em Atenas, que dá o nome à peça. É também um tributo ao trabalho oculto de quem mantém, todos os dias, as engrenagens da cidade a funcionar debaixo dos nossos pés.

O projeto nasce de uma colaboração com o coletivo grego Ohi Pezoume e o engenheiro Giorgos Sachinis, diretor de inovação da EYDAP (empresa de águas de Atenas), que desenvolve há anos projetos artísticos em torno do Aqueduto de Adriano. A peça liga-se assim, a uma ideia poderosa: duas pessoas podem estar conectadas através da água que as abastece.

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Além da peça, o projeto estende-se ao Bairro do Carriçal, com atividades de mediação social e artística que incluem visitas ao Parque das Águas, oficinas para crianças e ações com a comunidade local, em parceria com a Federação Académica do Porto e as Águas do Porto. Há apresentações nos dias 16, 17, 19, 20 e 21 de maio, sempre às 21h30, e os bilhetes têm de ser comprados fisicamente.