Os livros da saga "James Bond" vão ser reeditados com o intuito de remover referências raciais dos mesmos. Em abril, a coleção faz 70 anos, e para marcar esta data, e por considerar que os leitores de hoje em dia podem achar ofensivas algumas referências raciais presentes nos livros, como a palavra "nigger" (termo usado de forma ofensiva para fazer referência à população negra), a Ian Fleming Publications Ltd, editora que detém os direitos das obras de Ian Fleming, decidiu que irá editar as suas obras de forma a alterar estes termos, e a omitir a etnicidade de personagens menos relevantes.
De acordo com o "The Telegraph", os livros vão passar a apresentar um aviso que explicará às pessoas as alterações que constam das edições. "Estes livros foram escritos numa época em que os termos e atitudes que poderiam ser considerados ofensivos pelos leitores modernos eram comuns. Várias atualizações foram feitas nestas edições, mantendo o mais próximo possível do texto original e do período em que está inserido", referiu a editora.
A grande maioria das alterações nos livros James Bond será, então, em torno da comunidade negra, nomeadamente no livro "Live and Let Die", conforme divulgado em comunicado. "Seguindo a abordagem de Ian, analisámos as instâncias de vários termos raciais nos livros e removemos algumas palavras individuais ou trocámos as mesmas por termos que são mais aceites hoje em dia, mas mantendo-se de acordo com o período em que os livros foram escritos."
Contudo, a saga "James Bond" não é a única a sofrer alterações. A discussão em torno destas edições surgiu após algumas mudanças feitas aos livros de Roald Dahl, em 2022, quando retiraram o termo gordo do livro "A Fantástica Fábrica de Chocolate".
A 19 de fevereiro, a "Variety" noticiou que a empresa detentora dos direitos de autor de Roald Dahl (que morreu em 1990), autor de vários livros infantis, entre os quais a obra "A Fantástica Fábrica de Chocolate", retirou várias palavras com o intuito de promover "inclusão e acessibilidade".
Assim, após uma extensa análise por parte do "The Telegraph", comparando as primeiras versões dos livros de Roald Dahl (de 2001) com as que circulavam mais recentemente (2022), o jornal concluiu que a "linguagem relacionada com peso, saúde mental, violência, género e raça foi cortada e reescrita" em vários livros infantis do autor, como "Matilda", "As Bruxas", "Os Idiotas", " O Enorme Crocodilo" e até mesmo a sua obra mais conhecida, "A Fantástica Fábrica de Chocolate".
Estas alterações às obras foram feitas com o apoio da empresa Inclusive Minds (Mentes Inclusivas), que se especializa em inclusão e acessibilidade na literatura infantil.
"Queremos assegurar que as histórias e personagens incríveis de Roald Dahl continuam a ser apreciadas por todas as crianças hoje em dia. Ao publicar novas tiragens de livros escritos há anos, não é incomum rever a linguagem utilizada, juntamente com a atualização de outros detalhes, incluindo a capa de um livro e o layout da página. O nosso princípio orientador tem sido manter o enredo, os personagens e a irreverência e o espírito aguçado do texto original. Quaisquer alterações feitas foram pequenas e cuidadosamente consideradas", assegurou a "Roald Dahl Story Company", a empresa que detém os direitos de autor de Roald Dahl, à "Variety".