2024 ainda agora começou, mas "Griselda" é já um dos projetos mais aguardados do ano – até agora, claro. Esta nova minissérie da Netflix tem estado a dar que falar, porque, além de a personagem principal ser uma das principais narcotraficantes de um dos cartéis mais populares (e influentes) de sempre, é a icónica Sofía Vergara que a interpreta.
"Griselda" chega à plataforma de streaming a 25 de janeiro e é inspirada na vida da empresária colombiana Griselda Blanco, uma mulher que, além de ser uma mãe dedicada, também investiu todo o seu tempo num dos mais lucrativos cartéis da história. Estamos a falar do Cartel de Medellín, fundado por Pablo Escobar na década de 1970.
"Após fugir de Medellín para Miami com três filhos pequenos pela mão e um quilo de cocaína na mala, Griselda Blanco torna-se a cabecilha implacável de um império de droga". É esta a sinopse da grande aposta do ano da Netflix, que esteve a ser desenvolvida ao longo de oito anos pela empresa de gestão de talentos Latin World Entertainment, tendo Luis Balaguer como produtor executivo, assim como a atriz de "Uma Família Muito Moderna".
Veja o trailer.
Sofia Vergara é também acompanhada pelo compatriota colombiano Andrés Baiz, responsável pela realização do projeto. Já Eric Newman vai encabeçar o argumento e a produção, e Ingrid Escajeda assume as funções de diretora de produção, argumentista e produtora executiva.
Sim, a minissérie dramática, que terá seis episódios com cerca de 50 minutos cada, é baseada em factos reais. E além da conhecida atriz colombiana, vai contar com a participação de duas estrelas de “Narcos: Mexico”: Alberto Ammann e José Zúñiga. Além disso, até há uma estreante no mundo da representação – Carolina Giraldo, popularmente conhecida como Karol G, que encarna o papel de Carla.
Mas, afinal, quem é esta mulher astuta, implacável e ambiciosa que Sofía Vergara interpreta no papel principal da série? Como é que entrou no mundo do tráfico? Porque é que ficou popular? E quando é que deixou de o ser? Estas são perguntas que merecem respostas e, por isso, a MAGG conta-lhe tudo sobre Griselda Blanco.
Uma vida de crime desde a infância
Conhecida como Madrinha da Cocaína, Viúva Negra e Rainha do Narcotráfico, Griselda Blanco nasceu a 15 de fevereiro de 1943, em Santa Maria, na Colômbia. Não teve uma infância fácil, fruto da relação conturbada que mantinha com a mãe, uma trabalhadora do sexo e alcóolica que a agredia frequentemente.
Desde cedo, Griselda viu-se obrigada a cavar sepulturas para sobreviver e o contexto em que o fazia, por si só, já era complicado. Isto é, o trabalho da mulher consistia em fazer covas para enterrar os mortos da Colômbia, um país que, por essa altura, estava a ser devastado pela guerra civil, que decorreu entre 1948 e 1958.
Durante a adolescência, a sua vida continuou a ser pautada pelo crime (e não só). Griselda foi carteirista e, seguindo as pegadas da mãe, também chegou a embarcar numa jornada de trabalhos sexuais. O mais chocante é que terá cometido o seu primeiro homicídio com apenas 11 anos, segundo o "The Sun".
A publicação britânica adianta ainda que a mulher terá ajudado a raptar um rapaz de apenas 10 anos, que vivia num bairro nobre das redondezas. Isto feito, Griselda terá pedido resgate à família da vítima e, uma vez que esta não acedeu, tê-la-á matado e atirado ao rio.
Da entrada para a ascensão no mundo da droga, foi um saltinho
Não demorou muito até Griselda entrar no mundo da droga. O facto de se ter virado para este ofício deu-se graças ao seu segundo marido, Alberto Bravo, que trabalhava no Cartel de Medellín e com quem se casou no início da década de 1970, avança o "Brittanica". Em 1971, o casal mudou-se para Nova Iorque, Estados Unidos, disfarçados de importadores de vestuário.
Foi assim que o marido de Griselda se tornou o primeiro narcotraficante colombiano a importar cocaína produzida em Medellín para o território norte-americano, chegando mesmo a ultrapassar Pablo Escobar – até ser morto pela mesma em 1975 (mas já lá vamos), fazendo com que ganhasse a alcunha de Viúva Negra, lê-se na "Vice".
Depois de ganhar o jeito, a mulher foi criativa com as técnicas que utilizava para fazer o seu negócio render. Ainda numa fase muito embrionária do seu império, Griselda utilizava lingerie feita à medida para transportar pacotes de cocaína. Isto acontecia através de jovens, as suas "mulas" do tráfico, que transportavam as substâncias.
A fortuna de Griselda chegou a estar avaliada em 2 mil milhões de dólares (mais de 1.825 mil milhões de euros), diz a "Biography". E a quantia avultada que punha ao bolso fez com que pudesse financiar um estilo de vida luxuosa, pelo que tinha uma mansão em Miami e voava num jato privado.
Foi casada três vezes (e teve quatro filhos)
Antes de se casar com Alberto Blanco, o primeiro marido de Griselda foi Carlos Trujillo, com quem teve três filhos: Dixon, Uber e Osvaldo. Embora se tenham divorciado no final dos anos 60, Blanco é suspeita de ter mandado matar o companheiro, no início da década seguinte.
Com Alberto Blanco, com quem foi casada até ao momento em que o assassinou a sangue frio, não teve nenhum filho. De seguida, veio o matrimónio com Dario Sepulveda, cuja morte também terá sido ordenada pela mulher. No entanto, o casamento acabou por dar frutos e nasceu Michael Corleone – sim, em homenagem à personagem de Al Pacino em "O Padrinho", se é isso em que está a pensar.
Os três filhos mais velhos de Blanco seguiram as suas pegadas. Dixon, Uber e Osvaldo trabalhavam como traficantes de droga e foram parar a uma prisão norte-americana, tendo regressado à Colômbia depois de serem libertados. Uber e Osvaldo acabaram por ser mortos em 2012. Diz-se que Dixon também terá morrido, embora haja quem diga que estará vivo, continua a "Biography".
O declínio foi rápido
Voltemos ao casamento de Griselda e Alberto Blanco. O narcotraficante chegou a regressar à Colômbia para reorganizar e operar os negócios diretamente de Medellín, mas a mulher ficou nos Estados Unidos, onde passou a ingerir grandes quantidades de basuco, uma pasta de cocaína, segundo o "The Independent".
Isto terá feito com que Griselda ficasse paranóica, tendo a convicção de que o companheiro estaria a traí-la – e não, não se aplica apenas ao relacionamento que ambos mantinham, mas também no que dizia respeito aos negócios. Foi então que a mulher começou a engendrar um plano de fuga.
Ao chegar à Colômbia, em 1975, depois de a Drug Enforcement Administration e do Departamento de Polícia de Nova Iorque, chamada Operação Banshee, emitir um mandado de prisão contra o companheiro, muniu-se de uma pistola num parque de estacionamento e deu-lhe um tiro, matando-o.
Com o marido fora do mapa, acabou por ficar aos comandos do a direção do império de narcotráfico que havia construído e passou a administrá-lo no seu país de origem. No entanto, anos mais tarde, regressou aos Estados Unidos, fixando-se em Miami, onde passou a maior parte do tempo sozinha na sua mansão – até ter sido condenada em 1985, por tráfico de droga, a 15 anos de prisão.
Em 1994, depois de cumprir quase 10 anos da sua pena, foi acusada de três crimes de homicídio. Em 1998, Blanco confessou e recebeu uma pena adicional de 20 anos, acumulável com aquela que lhe havia sido atribuída previamente. No entanto, acabou por ser libertada em 2004 e foi deportada para a Colômbia.
Foi já no seu país de origem, onde somava uma panóplia de inimigos, que acabou por morrer, a 3 de setembro de 2012. Blanco foi assassinada em Medellín e, segundo relatos, um homem armado, que seguia numa mota, foi responsável pela sua morte, tendo-lhe dado um tiro à saída de um talho. Atualmente, Blanco está enterrada no cemitério Jardines Montesacro, o mesmo local de repouso de Pablo Escobar.