O estado da Geórgia, nos Estados Unidos, aprovou, a 7 de maio, um projeto-lei que proíbe as mulher de abortar se forem detetados batimentos cardíacos no feto. De acordo com o jornal "El País", essa medida causou polémica e há quem ameace deixar de apostar naquele estado norte-americano.
Segundo a mesma publicação, o estado da Geórgia é considerado a "Hollywood do sul", uma vez que já foi palco de grandes sucessos cinematográficos, como "Black Panther" ou "Os Vingadores: Guerra do Infinito", bem como de séries como "The Walking Dead" e "Stranger Things". Mas esse panorama pode mudar se o projeto-lei contra o aborto entrar em vigor.
Segundo a revista "Variety", esta lei tem dividido opiniões. Há quem apoie boicotar o estado norte-americano e parar de produzir lá, mas também há quem prefira manter as produções e doar receitas a associações de combate à lei, como é o caso de J. J. Abrams ("Star Wars: Episódio VII - O Despertar da Força") ou de Jordan Peele ("Foge")
Apesar disso, alguns dos grandes estúdios cinematográficos preferiram não se manifestar sobre a decisão do governador Brian Kemp — foi o caso da Walt Disney, a Sony Pictures Entertainment, a Fox ou a Amazon Studios.
Não foi o caso da Netflix. Para a plataforma de streaming, se o projeto-lei for aprovado, não faz sentido continuar a investir na Geórgia.
"Temos muitas mulheres a trabalhar em produções no estado da Geórgia, cujos direitos, juntamente com milhões de outros, serão severamente restringidos por esta lei", afirmou o diretor de conteúdo da Netflix, Ted Sarandos, num comunicado exclusivo à revista.
Ted Sarandos deixou o aviso de que "como a lei ainda não foi implementada, [a Netflix] vai continuar a filmar lá", mas que vão "repensar todo o investimento na Geórgia, caso a lei entre em vigor".
Ainda assim, e ainda de acordo com a revista, os grandes estúdios cinematográficos estão confiantes de que a Motion Picture Association of America — associação que representa alguns dos estúdios mais conhecidos — consiga evitar com que a lei entre em vigor.
Só no ano passado, o estado da Geórgia registou mais de 92 mil empregos e um impacto económico de mais de nove mil milhões de euros da produção, seja em cinema, televisão ou plataformas de streaming — algo que pode mudar caso a lei contra o aborto entre em vigor já em janeiro do próximo ano.