O idadismo é uma tendência cada vez mais frequente. Dúvidas existissem, basta olharmos para relatório global sobre o tema da Organização Mundial de Saúde (OMS) de 2022, que diz que uma em cada duas pessoas tem atitudes discriminatórias em relação aos mais velhos. Na moda, é um cenário ainda mais prevalente – afinal, quantas vezes já ouvimos dizer que a carreira das modelos acaba depois dos 30 e poucos anos? Pois.
Foi precisamente por isso que, em vésperas da 57.ª edição da São Paulo Fashion Week, no Brasil, um grupo composto por quatro mulheres decidiu desafiar os padrões da indústria da moda do país. Com o lançamento de um manifesto intitulado "Nós Não Somos Invisíveis", o quarteto quer enfrentar a escassa representatividade das mulheres acima dos 50 anos tanto nas passerelles, como no mercado publicitário.
Sob a alçada da direção criativa de Paulo Visani e liderança da modelo Cristina Leite, de 51 anos, o manifesto, que se destaca como pioneiro no Brasil, conta com a participação de mais três ex-modelos. É o caso de Paula Franco, 53 anos, Haag Campedelli, 52 anos, e Andrea Clara, 51 anos, figuras icónicas da geração dos anos 90.
A foto-protesto, captada pela lente do conceituado fotógrafo de moda Maurício Nahas, que fotografou nomes como Robert De Niro e Rita Lee, é um retrato autêntico da beleza e da força destas mulheres. Sem edições ou retoques, é uma imagem que tenciona oferecer visibilidade e credibilidade à autenticidade das mulheres com mais de 50 anos. Numa das suas versões, as modelos aparecem semi-nuas, num gesto de protesto e celebração da sua própria forma física.
"Nossa população envelhece a cada ano e a população 50+ cresce a passos largos", começa por dizer o fotógrafo no Instagram. "'Não Somos Invisíveis' é uma forma corajosa de dar voz a uma população que acaba ficando à margem, principalmente no mercado de trabalho. Com coragem essas mulheres se manifestaram para tentar mudar esse preconceito", remata o artista, agradecendo a quem participou no projeto.