"Sometimes I Just Wanna Kiss Girls" [às vezes só quero beijar raparigas, em português]. O nome era tudo o que sabíamos da nova coleção que Gonçalo Peixoto apresentou este sábado, 11 de março, no âmbito da ModaLisboa. Não percebíamos bem a razão por detrás desta escolha, mas as dúvidas dissiparam-se quando as modelos começaram a desfilar pela passerelle. Ao vermos as manequins vestidas com as criações do designer, até para nós foi quase impossível não querermos beijá-las.
Se as novidades lhes ficavam a matar? Claro, pensávamos que tínhamos sido explícitos no parágrafo anterior. Ainda assim, o grosso da coleção não nos causou uma particular surpresa – até porque Gonçalo Peixoto se mune de alguma consistência em relação às peças que cria e isso até pode abonar a favor da identidade da marca. Isto é, não houve muitas disrupções, sendo que o designer continua fiel aos blazers oversized, ao tule, aos brilhos e às flores, que combina com peças mais desportivas.
Ainda assim, sentimos uma coleção mais adulta. Os ombros XXL deram lugar a silhuetas mais justas, as cores garridas foram substituídas (em grande parte) pelo clássico preto, e os folhos exuberantes deram lugar às caudas elegantes, que se arrastavam atrás das manequins da passerelle. E não vamos mentir: a certo ponto, queríamos puxá-las com bastante força, precisamente para podermos levar uma dessas criações connosco para casa.
Mesmo que esta linha tenha sido concebida para o outono/inverno de 2023, com peças que prometem aquecer até os corações mais gélidos, como os casacos puffer de veludo ou com textura floral, temos aqui propostas tão sensuais (e perfeitas para o verão) que conseguirão mesmo derretê-los. As transparências voltaram em força para que quem as use mostre que tem tudo no sítio, assim como os conjuntos compostos por camisas cropped e saias maxi.
De uma coisa temos a certeza: as peças de Gonçalo Peixoto elevam o estado de espírito de quem as usa. Mas, para o próprio, estas novas criações são exatamente uma representação dos seus devaneios e turbilhões de emoções dos últimos meses. "Esta coleção é isso mesmo: é eu chegar ao escritório e dizer 'hoje estou num mood mais dark, tive um mau dia, então vamos refletir isto'", contou o desginer à MAGG.
Sabemos que não se deseja mal a ninguém, mas, se Gonçalo Peixoto tiver mais uns quantos dias maus, não nos vamos queixar, já que as peças mais escuras e soturnas foram as nossas favoritas.