Assim que estacionei o carro no parque do novíssimo Vila Galé Sintra, inaugurado a 25 de abril, não fiquei imediatamente impressionada. Com estadia marcada já há algumas semanas, as expectativas eram altas e foram muitos os dias com chuva e frio (condições meteorológicas que não combinam com a primavera) que passei a ver fotos do hotel e a ansiar por um fim de semana de descanso à beira da piscina.
À chegada, sem nada à volta a não ser vegetação e alguns blocos de prédios com apartamentos para venda, a fachada do hotel não me fascinou — gostos são gostos, mas mais facilmente acharia que estava a entrar num complexo de escritórios do que num fabuloso hotel de cinco estrelas, graças às linhas simples e duras do empreendimento.
Mea culpa. Mal passei a porta de entrada, aberta por um simpático funcionário com um sorriso, percebi que os dias a sonhar com dois dias de descanso no Vila Galé Sintra não tinham sido desperdiçados. A primeira coisa em que reparei foi na luz do espaço. Toda a parte traseira do bloco de serviços do hotel (podemos dividir o hotel em dois blocos, o dos quartos e dos restantes serviços) é completamente envidraçada, oferecendo uma luminosidade fabulosa à zona da receção, bar e lounge e uma vista incrível para as três piscinas exteriores e para a Serra de Sintra.
Com 136 quartos, dos quais 77 standard, 44 familiares e 15 suites, fiquei num standard, com cerca de 25 metros quadrados, varanda e uma cama que, não sendo king size, tinha dimensões bastante boas e um dos colchões mais confortáveis onde já dormi.
Sem ter feito o pedido prévio (apenas tinha informado que ia levar comigo a minha filha de um ano, dado que esta é também uma unidade muito virada para as famílias), estava um berço no quarto. E não posso deixar de assinalar o cheirinho ótimo das amenities, com óleos essenciais e sabonetes vegetais.
Óleo a mais? Aprendi que não existe tal coisa
Com o grande objetivo de promover um estilo de vida saudável, o Vila Galé Sintra pretende conjugar o bem-estar físico e mental, uma alimentação equilibrada, a prática de exercício, terapias holísticas e cuidados médicos. É também devido a esta preocupação com a saúde que, para além do spa Satsanga (existente em todas as unidades do grupo), mais dedicado ao relaxamento, este hotel também tem o Revival Medical Spa, dedicado a programas para perder peso, para o período de pós-parto ou para deixar de fumar, entre outros.
As terapias holísticas são também uma forte componente deste spa médico, com diferentes massagens ayurdéricas (baseadas no ayurveda, uma ciência e arte de viver que, através de terapias não convencionais, ajuda o indivíduo a alcançar a longevidade através do seu equilíbrio físico, energético e psíquico).
Tive o prazer de experimentar duas destas massagens. Digo prazer porque, ponto um, adoro massagens e, ponto dois, foram realmente experiências fabulosas. A Ayurvédica Champi (a partir de 40€), é uma massagem à cabeça, pescoço e ombros, que ajuda a curar e a prevenir dores de cabeça e enxaquecas, sendo um excelente tratamento para insónias e ansiedade.
Já a massagem Ayurvédica Corporal Shirodhara (100€) consiste no verter de um fio de óleo aquecido, com movimentos lentos e precisos sobre a testa e as têmporas, que nos permite relaxar e é uma técnica recomendada em casos de stresse, tensão e ansiedade.
Pessoalmente, a conjugação dos dois tratamentos resultou em libertar-me de todo o stresse de uma semana de trabalho aliado a uma gastroentrite da minha filha, que também ocupou a semana anterior. E mesmo com a quantidade extensa de óleo que me caiu sobre a cabeça e o cabelo, deixando-o com um aspeto terrível, tenho de admitir que não existe algo como "óleo a mais" — deixei atuar durante umas dezenas de minutos antes de lavar o cabelo, e este ficou brilhante e sedoso como nunca.
Piscina infinita e piscina interior não combinam? O Vila Galé Sintra mostra o contrário
Com cinco piscinas para adultos e crianças, três exteriores e duas interiores, um dos grandes ex-líbris desta unidade é a piscina interior com vista panorâmica, com água aquecida a 29 graus.
Rodeada de várias espreguiçadeiras que mais parecem pequenas camas, devido aos colchões extremamente confortáveis, a vista desta piscina para a serra é fabulosa — tanto que me fez preferi-la às piscinas exteriores. Pelo menos até ao dia seguinte, em que as condições meteorológicas me permitiram experimentar também as piscinas ao ar livre e aproveitar uma manhã de sol.
Mesmo ao lado das piscinas exteriores está o ponto alto deste hotel para os mais pequenos. A pensar nas crianças, para além das duas piscinas infantis, existe um parque infantil, um kids club com videojogos e outras atividades, vários trampolins e até um carrossel. Sim, um carrossel, que apesar de (supostamente) só estar ativo ao final do dia, é ligado se existir um pequeno grupo de miúdos interessado na atração, seja dia ou noite — estava a funcionar por volta das 22 horas para fazer as delícias das várias crianças a digerir o jantar nos escorregas e trampolins.
Para agradar aos pais e lhes dar uns momentos de descanso, existe também um animador infantil pronto para entreter e divertir as crianças.
Uma carta a pensar na saúde, mas com pouco sabor
A única razão pela qual as estrelas da crítica não acompanham as cinco do hotel são as refeições, mais concretamente os pratos servidos à carta.
O Vila Galé Sintra tem dois restaurantes, ambos a pensar na saúde, tanto que todos os alimentos e pratos têm a informação nutricional bem assinalada, das calorias à composição — seja na ementa ou na indicação do prato no regime buffet.
No Versátil, onde são servidos os pequenos-almoços (com alternativas saudáveis e omeletes de claras), é servido um buffet de baixo teor calórico (20€ ao almoço por pessoa, 28€ ao jantar, sem bebidas incluídas) às refeições principais, com sugestões como queijo de vaca light, salsichas de tofu, escalopes de salmão grelhado e arroz doce integral. No entanto, há também várias opções para agradar a tudo e todos, como picanha grelhada no momento, tagliatelle salteado e pato de fricassé com limão, que estava delicioso.
O objetivo é apresentar alternativas saudáveis e outras não tanto, embora sempre com o cuidado de as tornar menos calóricas. Por exemplo, existem batatas em palito, mas são assadas em azeite e não fritas. De assinalar que o regime buffet só funciona se estiverem alojados mais de 25 hóspedes, caso contrário os hóspedes podem almoçar ou jantar à carta neste espaço.
Quando falamos de carta, é neste ponto que poderá existir espaço para melhorias. O restaurante Inevitável, aberto todos os dias, tem uma oferta gourmet light da qual fazem parte opções como peito de pato em puré de aipo (22€), polvo assado à lagareiro (21€) e cheesecake light de lima (8€).
Ao almoço (servido à carta no restaurante Versátil caso não exista buffet a funcionar), experimentei o carpaccio de salmão com abacate (10€), o tataki de atum com sésamo em molho de laranja (20€) e um bife do lombo com molho de azeite, alho e louro (28€). Apesar da grande qualidade dos produtos, do peixe à carne, o salmão e o tataki de atum (cozinhado no ponto certo), bem como dos legumes que acompanhavam o prato, estavam completamente sem sabor. Confesso que esperava mais e nunca pensei que a comida de buffet fosse bastante mais saborosa do que as opções à carta, mas foi o que sucedeu.
Apesar de uma falha de comunicação entre o serviço de sala e a cozinha (que me fez deixar arrefecer um bife do lombo super tenro à espera de mais batatas), tenho de referir a simpatia com que fui tratada e a disponibilidade para arranjarem uma refeição fora da ementa para a minha filha, com uma cremosa sopa de legumes e um escalope de salmão grelhado. No entanto, o hotel tem cerca de dois meses de existência e nota-se que existem alguns aspetos que ainda precisam de alguma afinação.
Por falar em filha, estranhei que numa unidade virada para famílias, as casas de banho do piso um, as mais próximas do restaurante principal, não tenham fraldário — temos de subir até ao piso 3, da receção, para encontrar um nos sanitários destinados aos deficientes motores.
As estadias começam nos 90€ por noite em quarto standard duplo, em época baixa, até 190€ na mesma tipologia, na época mais alta. As crianças até aos 12 anos não pagam alojamento nem refeições, desde que regime de alimentação seja o mesmo que os pais. Caso contrário, pagam metade.
A MAGG ficou alojada a convite do Vila Galé Sintra.