Pedrinho, mano, isto é entre nós: desde o casting que andas a dizer que és um líder nato, um homem capaz de destruir o outro só com a conversa, uma pessoa vivida e que sabe o que é mandar e ter sucesso. Espetacular. Fantástico, gatão. Mas há uma coisa que, de mano para mano, não entendes, e nunca entenderás: tudo o que disseste, e que referi aqui, são palavras típicas de um ditador, não de um líder. Não que um ditador não possa liderar. Pode, como tu lideras a tua empresa, os teus trabalhadores, a tua gata, o teu cão. Mas não é o facto de os liderares que faz de ti um líder. Ser líder é outra coisa. O conceito de líder é tão, mas tão simples, que até uma criança de 10 anos o entende. Mas tu não. É isso que tens demonstrado neste último mês, todos os dias, de cada vez que a câmara te filma.

Mas eu explico-te, ponto a ponto, porque é que tu não és um líder e nem sabes o que é ser um líder. Vamos lá.

1. Um líder nunca diz “eu mando aqui”

Esta terça-feira, a Ericeira toda ouviu os teus gritos. Na verdade, Portugal inteiro ouviu os teus gritos. No estrangeiro, onde muitos emigrantes seguem o programa, ouviram-se os teus gritos. E os teus gritos diziam: “Eu é que mando aqui!” Gritaste isto várias vezes, e gritaste isto na cara de Teresa, uma mulher (sim, o género aqui importa). Mais: gritaste isto quando, efetivamente, te atribuíram a missão de liderar a casa durante esta semana. Mas sabes, Pedrinho, um líder não tem de dizer “eu mando aqui”, nunca deve estar na posição de ter de o dizer, porque quando está perante um líder toda a gente sabe que é ele quem tem a última palavra. E ter a última palavra não é mandar, é decidir, decidir com base no instinto, no bom senso, no que ouve dos outros, na sensibilidade. Acontece que tu, gato da sua gata, não revelas instinto, nem bom senso, nem ouves os outros. Vou passar a parte da sensibilidade.

2. Um líder não grita, faz-se ouvir

Continuando aqui a discorrer sobre a tua gritaria, digo-te, bro, que um líder não precisa de falar alto para que os outros o ouçam. Muitas vezes, não precisa sequer de falar. Os outros entendem-no, seguem-no após um gesto, uma frase, uma palavra. As pessoas não têm de responder ao medo, têm de entender as decisões. E mesmo que não concordem com elas, e nunca um líder é 100 por cento consensual, é fundamental que percebam o porquê da decisão do líder. E, então, respeitam, seguem, cumprem. Gritaria é o primeiro passo para que deixe de se ouvir. Quem grita, normalmente, não tem uma mensagem para passar, um argumento válido ou convincente. Tem apenas para oferecer intimidação, que é a tua arma, a arma dos que lideram mas jamais serão líderes.

3. Um líder não intimida os outros

Olha, isto está tudo ligado: intimidação. Desde sempre, os concorrentes fracos da casa sentem-se intimidados por ti, Pedrocas. Não porque sejas temível, não porque tenhas uma estampa imponente, mas apenas porque és um espertalhão que grita mais do que toda a gente. E normalmente as pessoas fracas de espírito e de cabeça deixam-se subjugar por este tipo de tiranos. Mais: este tipo de liderança pressupõe alianças, que é precisamente aquilo que procuraste desde o primeiro dia. Só consegues ser como és dentro da casa porque tens as costas quentes por três lacaios descerebrados como o Hélder, o Daniel Monteiro e o Pedro Alves. São os teus guarda-costas, e são-no porque não têm inteligência para mais, para perceber aquilo que, na essência, tu és, um ditador. Percebes agora porque é que o Diogo não quer nada contigo? Porque é um miúdo inteligente, com cabeça. Percebes agora porque é que o Daniel Guerreiro não quer nada contigo? Porque é mais inteligente do que os outros. Simples.

4. Um líder nunca diz que é um líder

Sabes qual é o melhor teste de liderança que se pode fazer a alguém? É dar-lhe um pedacinho de poder e ficar a ver, de bancada, como é que essa pessoa se comporta. Um líder não muda, não se transfigura, não se impõe aos gritos, não obriga os outros a seguirem as suas ordens e, sobretudo, um líder nunca, mas nunca diz que é um líder. Não tem de o fazer. Quem tem de dizer se a pessoa é líder ou não são os outros, os que têm de responder perante quem está a comandar. E tu, meu fanfarrão do Montijo, andas com a palavra “líder” desde o casting. Pode ser algum trauma, não sei.

5. Um líder é respeitado, não tem de ser temido

O maior sinal que alguém pode ter de que está a ser um líder é quando sente que os outros o respeitam, respeitam as suas decisões, mesmo que não concordem com elas. Diria, até, que isso se sente mesmo é quando não concordam com as decisões do líder. Olha agora para ti, Soázinho, e para o que se passou esta tarde na casa do Big Brother. Passaste-te da cabeça porque, palavras tuas, ninguém te respeitou. Claro, meu caro, não te respeitam porque não te reconhecem competência nem espírito de liderança.

Perante um líder, nenhum seguidor tem de sentir medo. Pode sentir medo, mas não tem de o sentir. É, até, importante que não o sinta, e que veja, sempre, o líder como apenas mais um da equipa, aquele que leva o barco para a frente, que indica caminhos, e que rema mais do que os outros, mas que trata toda a gente com o mesmo respeito, do Almirante ao remador. O que tu fazes não é isso, pequeno Casinhas do Montijo, o que tu fazes é impor-te perante os fracos e tentares virar toda a gente contra quem te faz frente. Isso é, só, o contrário de ser um líder.

6. Um líder é admirado

Esta é fácil. Tu não és. Ou melhor, até podes ser, mas pelo Hélder, o Pedro Alves e o Daniel Monteiro. É preciso dizer mais?

7. Um líder é líder perante fortes e fracos

Ainda te recordas do que disse aqui em cima? Se fosses um líder, serias um líder perante todos, e não apenas perante os que te bajulam e não te fazem frente. Na casa, tens os teus kamikazes a lamber-te os pés, tens um leque de gente que tem medo de ti e que procura não te desagradar por receio da tua agressividade, e tens os inteligentes que não te ligam nenhuma, para quem vales zero. É isso um líder?

8. Um líder não é necessariamente um vencedor

Não faço ideia quais são os teus negócios de sucesso no Montijo, nem qual é o projeto que dizes que vais lançar e que vai ser um estrondo. Se calhar até vai, não faço ideia, e espero bem que sim. Nem sei se és rico, se és da classe média, se tudo o que tens feito na vida se tem transformado em ouro ou em dívidas. O que sei é que isso importa muito pouco para a definição de um líder. A capacidade de liderança não se mede pelo sucesso, diria até que não tem quase nada que ver com sucesso. Liderar é outra coisa. Olha, Jesus, queres melhor exemplo? Não o Jorge, o outro, o Cristo. Liderou os seus apóstolos, conquistou mais seguidores no mundo do que o Cristiano Ronaldo no Instagram e foi pobre a vida toda, acabou pregado numa cruz aos 33 anos. Foi um líder, talvez o maior da História. O Steve Jobs, o Cristo dos enterpreneurs, meteu-se em cada argolada na vida empresarial, torrou tantos e tantos milhões em projetos fracassados. Estás a ver? Não é por teres uma start-up no Montijo de enorme sucesso que és um grande líder. Mesmo que consigas comprar casacos azeiteiros a 700 paus.

9. Um líder lê isto e reflete sobre o que pode estar a fazer de errado

Tu, se leres, vais querer partir-me a cara.