Há coisas em que não há consensos possíveis. No frango assado, por exemplo, jamais se irá convencer um amante do frango da Valenciana, em Campolide, Lisboa, que o do Pingo de Mel, em Alvalade, é melhor. Não vale a pena a discussão. Cada um fica com a sua, e amigos como dantes. Com as praias é mais ou menos a mesma coisa. Uns gostam de ondas, outros de areais grandes, há quem goste de praias desertas, outros preferem um bom restaurante de praia, há os que têm recordações que valem para a vida, outros que conhecem aquele mar desde sempre e nunca o irão trocar. Por tudo isto, a MAGG criou o desafio Guerra de Praias, que durará ao longo dos meses de julho e agosto. A ideia é que os vários colaboradores da MAGG defendam, com unhas, dentes e facas afiadas, todas as segundas e sextas-feiras, aquela que é, para cada um, a melhor praia do mundo, a praia da sua vida. Os argumentos vinculam cada um dos autores. Depois da Praia da Falésia, passamos para a praia da jornalista Mariana Leão Costa. Aqui vai:
Em termos de praia sou uma pessoa que aprecia os dois reversos da medalha: se há dias em que só me apetece largar a toalha numa praia deserta e passar três horas sem ouvir barulho, há dias em que preciso de barulho, de castelos na areia e de mergulhos infinitos no mar.
Se em termos teóricos estas duas realidades não coexistem, em termos práticos descobri uma praia onde tudo isto é possível: São Martinho do Porto. Por ter um extenso areal é o local perfeito para a junção destes dois mundos. Se estiver na zona das embarcações, pode esperar barulho, mil coisas para fazer (entre SUP – Stand Up Paddle, a caiaque, passando pelas motas de água), reboliço e tudo o que é bom quando estamos com os mais novos. Se aprecia o silêncio e apenas o barulho das ondas, pode optar por assentar arraiais mais perto das dunas: poucas pessoas e um paraíso na Terra. Para a tornar ainda mais perfeita, só mesmo a serra que rodeia a praia.
Podia dizer que o tempo é estilo totobola, nunca se sabe bem o que se pode esperar, mas, mesmo em dias de nevoeiro puro, São Martinho tem um sabor especial. Ir para a praia sem sol é uma realidade e existem mil coisas para ocupar o tempo: ler, comer uma bola de Berlim da Dona Cecília (quem vai para São Martinho TEM de conhecer a Dona Cecília), passear na areia, subir as dunas, ou ficar na esplanada a ler uma revista acompanhada com tremoços e uma frize de limão (dizem que é melhor com uma imperial, mas devo ser das poucas pessoas à face da terra que não se orienta com essa bebida).
Nos dias de sol, o cais é o nosso melhor amigo e a rampa (também quem vai para São Martinho conhece perfeitamente “a” rampa) torna-se a prancha de eleição para saltar para o mar.
Esta praia pode não competir com as praias paradisíacas do Algarve, com água cristalina e temperaturas tropicais. Esta praia até pode não agradar a todos com os seus dias de nevoeiro e brisa, tão típicas de São Martinho. Pode ainda levar pessoas a escolher outras praias ali mais perto por causa das ondas – quase inexistentes, mas para mim é a melhor do mundo. Por isso deixem-se de desculpas, peguem no carro, e descubram esta pérola no centro do nosso país, prometo que não se irão arrepender.