s leitores perguntam, a psicóloga Sara Ferreira responde. É assim todas as semanas. Saúde, amor, sexo, carreira, filhos — seja qual for o tema, a nossa especialista sabe como ajudar. Para enviar as suas perguntas, procure-nos nos Stories do Instagram da MAGG.

Cara leitora,

Mesmo com todos estes fios invisíveis da internet, parece que consigo cheirar o sabor do seu sofrimento: desalento. Desencanto. Perda, revés e frustração. Nada disto parece combinar com reencontro. Motivação. Dar-se novas aberturas. Seguir em frente.

E isto de tal modo é verdade que a leitora, mesmo sabendo que há mil e um filmes de amor por aí, neste momento colocou em stand-by esse aparelho meio louco chamado coração.

Não consigo esquecer o meu ex e isso limita a minha vida
Não consigo esquecer o meu ex e isso limita a minha vida
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Quando o cupido nos atinge com uma flecha certeira de deceção amorosa parece que os nossos pensamentos socorrem-se — imediatamente — da desilusão como mecanismo de proteção por algo que talvez agora seja uma “verdade” absoluta na sua mente (que por vezes mente): “já não vale a pena”.

Talvez a esperança esteja para si em modo de hibernação, porém, não deixo de considerar a sua pergunta um condoído mas singelo sinal de esperança…

A palavra pass para desbloquear essa dor, esse medo de voltar a amar (ou melhor dizendo, a confiar…) é esta: “recuperar”. Entretanto, como o rombo emocional ainda parece quente, cuide só de não corromper o seu sistema com o vírus da precipitação e da generalização à força bruta.

Esta analogia ilustra como muitas vezes, muitas pessoas, vivenciam as suas dores.

Com a dor, parece que algo dentro de nós se cristaliza. É um tipo de defesa, acompanhado de resistência fundamental a voltar a vender fiado, em especial ao sexo preferencial.

A questão é: será possível manter a loja aberta emocionalmente após o assalto existencial?

Pense numa criança e nos seus sonhos sobre o Pai Natal. Por exemplo, a minha filha, de 3 anos, está a viver (para nossa delícia, dos adultos) esta quadra com um encantamento e, diria mesmo, uma "paixão platónica", pela ideia do velhinho das barbas poder chegar de trenó, na noite de Natal, e por tudo o que são os brilhos, as cores e sabores, alusivos à época. De certa forma, esta magia nos olhos das crianças em relação ao Natal faz-nos voltar a acreditar também. Voltamo-nos a encantar. Reconstruímos o que se perdeu e de certa forma, voltamos a amar.

Pareceria muito insensível estimular que ela continuasse a acreditar no impossível para depois (inevitavelmente) se dececionar um dia. Não seria uma “crueldade” incentivar alguém a apegar-se a uma ideia que já nasceu falha? Não, porque aqui o que está em questão não é, necessariamente, o resultado “concreto”, favorável, mas sim o treino de fé, de crer, de dar crédito a ideais bonitos, a valores positivos que através destes símbolos são passados. É o render-se a algo incrível, com resultados imprevisíveis, ainda que eventualmente desfavoráveis.

Há um paradoxo muito curioso. O desapego necessário para a desilusão só é possível a partir de uma base sólida. Uma pessoa sem uma estrutura emocional suficientemente capaz encontra muito mais dificuldades de se “lançar” à (re)descoberta ou mesmo de sobreviver a um voo em queda livre, pois sente que lhe falta um “casulo” para onde regressar.

Mas, então, para onde regressar depois da (des)ilusão (ou melhor, do desajuste das suas expectativas em relação ao seu relacionamento, daí o “revés”) terem caído a pique?

"Tenho medo de sair da minha zona de conforto. Como é que luto contra isso?"
"Tenho medo de sair da minha zona de conforto. Como é que luto contra isso?"
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Querida, se a substância que nutre e nos liga à vida são os afetos e isso acontece mediante a conexão e as trocas que geramos com as outras pessoas, esse é o “casulo” ao qual precisamos voltar.

Levantar uma muralha emocional, barricando-se de novas interações ou possíveis ligações é escolher permanecer viver intoxicada em amargura, o que nem o Cillit Bang ajudaria a desenferrujar.

Não há barricada possível que nos prepare para os revezes da vida e as estratégias mais comuns diante do sofrimento real ou imaginário – como a racionalização excessiva, o congelamento emocional, a negação, o pessimismo ou mesmo o optimismo – revelam-se sempre inúteis.

Guarde esta regra, que em caso de embate emocional também vale ouro: perante a queda, o melhor é relaxar o corpo para o dano ser menor. E porquê? Por um motivo simples: a rigidez provoca mais ossos partidos.

E assim uma pessoa vai passando a vida, dias, semanas, meses a fio, esvaindo-se em pequenos “delírios”mentais. Adivinha que é que acontece com o seu bem-estar físico e emocional uns tempos depois? Ofereço um Ferrero Rocher para o primeiro leitor que acertar.

Isso mesmo. Vão pelo cano. Podendo trazer ansiedade, raiva ou depressão. Por conta de uma emoção tão necessária quanto (se produzida em excesso) prejudicial: o medo.

Você sabe qual é o erro mais incapacitante que a maioria das pessoas comete (aposto quase 100% que você também) na sua vida? Que erro será este, afinal, que não só podemos mas, diria mesmo, devemos – sim, vai perceber porquê no meu vídeo, em baixo – eliminar se quisermos não somente existir, mas ser. Não somente sobreviver, mas viver. Não apenas estagnar, mas progredir e amadurecer. Descubra neste vídeo e liberte-se da dor que este erro lhe causa.

Quando nos sentimos “pedidos” e queremos evitar voltar a amar devido a uma relação significativa que acabou, tentamos fugir à turbulência das emoções fortes. Isso num primeiro momento, pode ser bom, porque nos confere uma sensação de proteção pessoal e segurança em face ao “caos” sentimental, que pode ser de facto uma roleta russa de gatilhos perigosos a premir a qualquer momento.

Neste artigo expliquei porque razões às vezes ficamos “presos” nos relacionamentos que terminaram e de que formas nos podemos “desacorrentar” destes gatilhos emocionais sem deixarmos a nossa vida pendurada por eles.

Porém, a verdade é que um congelamento interno demasiado prolongado faz-nos sobretudo correr o risco de limitar agudamente a nossa experiência de vida. Evitar situações que, para nós, possam expor-nos à perda ou à rejeição acaba por conduzir-nos, justamente, à perda ou à rejeição. Por um lado, uma pessoa proíbe-se de viver certas experiências devido ao medo de voltar a sofrer (o que é “normal” e compreensível, porém, um verdadeiro ‘felicídio’), mas por outro lado espera que esse seu medo possa reduzir com a passagem do tempo, o que, na verdade, acaba por não acontecer, pois é precisamente esse evitamento que faz manter o medo presente.

“Uso a auto-mutilação para libertar a dor. Como parar?”
“Uso a auto-mutilação para libertar a dor. Como parar?”
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Qualquer que seja a perda por que tenhamos passado anteriormente, o desafio (e a oportunidade de crescimento) é tentar não olhar “categoricamente” para todas as novas experienciam com medo enrustido, logo, ponto final. Comece por acrescentar umas vírgulas, outras tantas reticências, por certo alguns pontos de interrogação, mas sabendo que a vida é um grande ponto de exclamação.

Quem lhe pode “garantir” (à exceção da sua mente, que tantas vezes nos mente…) que todas as novas situações a conduzirão a níveis de stress ou de ansiedade como aqueles porque passa ou passou? Saiba que a única maneira de confirmarmos que um medo é irracional e prejudicial é sair da zona de conforto e ousar arriscar. Neste meu artigo ofereço um passo-a-passo básico para saber como transpor essa zona de (des)conforto para entrar noutra (zona de transformação) em que o “medo” deixa de fazer sentido, pois tudo se torna aprendizagem.

Cada pessoa e relacionamento são únicos. Colocar todas as pessoas no mesmo “saco” é uma crença para lá de limitante. O discurso acabado de que todos os homens ou todas as mulheres são iguais é uma defesa psicológica monumental mas nada mais do que isso.

Imagine a seguinte cena (extraída, do “plateau” do consultório e de uma miscelânea de capítulos da vida real): Sofia (nome fictício) que passou por relações“más” e sente-se diminuída e um pouco intimidada face a todos os relacionamentos. Chega a acreditar que um envolvimento com eles, os homens, não é possível de forma saudável. Foi abandonada na última vez em que se envolveu com alguém e quando encontra um homem afetuoso à sua frente, literalmente, não sabe o que fazer. Ela comporta-se sempre de forma tão ressentida e medrosa que a cada manifestação de afeto desse homem ela afasta-se como uma criança no orfanato que tem medo de se apegar a vivalma, por medo de ser novamente abandonada. Ora, o padrão evitante e defensivo de Sofia acaba por retrair e afastar os homens da sua vida e ela justifica isso como um“eu bem disse, os homens não merecem confiança!”, reafirmando, uma e outra vez, a sua crença distorcida, de que é impossível ser feliz, e presa a este padrão sem (ainda) se autorizar sequer a questioná-lo.

Medo de amar, como quem diz “automaticamente” medo de se magoar, é o mesmo que deixar de beber água por se ter engasgado no jantar de ontem.  

Além do mais, ao supor isso, uma pessoa parece partir do pressuposto de que foi vítima de uma circunstância ou de uma nocividade de alguém. Nesse ponto, retira a sua quota-parte de responsabilidade no desacordo do relacionamento que originou o término da relação. Pode até ser confortável, mas é no mínimo ingénuo pensar-se que um tango se dança com uma pessoa só…

Neste artigo abordei o tema da dificuldade que muitas pessoas sentem em ligar-se emocionalmente às outras pessoas e de que formas podemos ultrapassar este obstáculo na nossa vida.

E de que forma a terapia nos ajuda a desenvolver (de entre vários outros) esse que eu considero um incrível e maravilhoso Super Poder para superarmos qualquer batalha que a vida nos apresente?

Descubra tudo neste vídeo, que poderá ver em baixo e conheça uma das principais “chaves” para conquistar este Super Poder para poder desbloquear dentro de si o seu melhor potencial.

Perceba a leitora que o medo só a fará concentrar-se naquilo que quer evitar e não naquilo que quer encontrar, portanto, concentre-se em produzir, viver e amar. Faça como quem não me canso de citar, o Fernando Pessoa, guarde as pedras que encontrar pelo caminho, quem sabe um dia, constrói um castelo.

É certo que a desilusão pode deixar marcas, mas quão saudável será esta postura derrotista (sem ao menos se ter disposto a entrar numa nova maratona afetiva) em relação ao mundo, em relação aos outros, em relação ao “outro(a)”? Será que vale a pena assumir que qualquer pessoa é um potencial Judas Iscariotes?

Perder alguém de quem se gostou (especialmente, se for de forma repentina) ou passar por uma multiplicidade de perdas significativas podem deixar-nos abatidos, derrubados. Os níveis intensos de stress provocam-nos cansaço e dão-nos vontade de fugir. Mas… é possível passar uma vida toda a fugir da própria vida? Viver não é o mesmo que sobreviver, pois viver implica correr riscos, claro!

Há um fluxo de vida que corre no seu corpo. Ficar fechada para novos relacionamentos só irá bloqueá-lo, fazendo-a fechar-se para a vida, de muitas formas, fazendo-a perder (e não propriamente “ganhar” o que seja).

Possivelmente, a sua anterior “fé” no amor converteu-se em“fé” na descrença. O mesmo canal que evita a dor é aquele que poderia voltar a encontrar o prazer, o reencontro, a motivação. Dando-se novas aberturas e seguindo em frente.

E agora, a pergunta que não quer calar: então, como amar de peito aberto “apesar” de um certo coração fechado?

1. Confie mais naquilo que oferece e não tanto no que espera receber

Oferecendo o seu amor e retirando dessa oferta uma das melhores experiências da vida. Reacenda o brilho no seu olhar, respire mais profundamente, pelo sim, pelo nim, faça uma breve “análise” dos traços de personalidade da nova paixão e desmanche-se na boca dessa pessoa, sem medo de ser feliz! :) Se isso durar um dia, um mês, um ano ou uma década não importa. A leitora só continuará a ter medo de amar se ainda possuir a ilusão de que o amor é “apenas” um sentimento ou algo que se recebe e não algo que se faz (e se dá), tal como procurei explicar neste meu outro vídeo, em baixo.

2. Aquilo que vivenciou não foi um engano para si

Geralmente, nestes casos, a conclusão a que muitas pessoas chegam, após o término do relacionamento, é a de que “tudo não passou de uma farsa” ou que “fiz figura de parvo(a)”. Não se perca, cara leitora! O que viveu seguramente rendeu-lhe bons frutos e experiências; se o outro não estava ali de coração é responsabilidade dele…

3. Meça a personalidade da outra pessoa

Convenhamos. Para abrir-se à intimidade, é prudente alguma dose de sabedoria para avaliar o histórico pessoal de uma pessoa, em aspetos do tipo como é que ela cultiva a sua vida e os seus relacionamentos? Se tem ética ou lealdade, em geral? Se é disponível emocionalmente ou está na disposição de (se) partilhar consigo verdadeiramente? Geralmente, os tropeços ou mesmo as quedas surgem de uma avaliação carente, precipitada e empolgada, típica de quem busca um ouvido sem perceber qual é que é a real capacidade de escuta do parceiro.

4. Disponha-se a encarar a sua dor sem se fechar

O seu sofrimento é só um período de luto de uma queda que aconteceu, mas não deveria ser um atestado de óbito emocional. Ficar completamente fechada é, sim, uma decisão sua, que ninguém pode fazer no seu lugar (e abrir mão dela também não…).

5. Arranje uma vida própria para além da relação

E siga em frente nela. Normalmente quem se fecha completamente depois de uma desilusão é porque apostou todas as suas fichas “naquela” relação e não cultivou uma vida própria através da qual se nutrir e realimentar. Se quer confiar em alguém, tenha uma vida na qual possa confiar também... O mesmo é dizer que se quer voltar a amar, tenha uma vida que a leitora possa amar também...

Até para a semana!

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