Nem preto, nem branco: no vasto espectro da sexualidade, há uma zona cinzenta que está a crescer cada vez mais em todo o mundo, os graysexuais. Mas o que é isto? São pessoas que só muito raramente sentem atração sexual por alguém, que vivem a sexualidade com baixa intensidade ou só têm qualquer tipo de desejo sexual em circunstâncias muito específicas. Não são celibatários nem pessoas com falta de libido, são só pessoas com gostam de estar em relações, mas sentem um profundo desinteresse por sexo.
Mas o que difere a graysexualidade de outros tipos? A Asexualidade implica uma total ausência de atração sexual, enquanto que a demissexualidade pressupõe atração que só surge após um laço emocional forte. Na graysexualidade pode sentir-se atração pontual e inconsistente, sem necessidade de um vínculo mas passam-se longos períodos sem se sentir atração por ninguém.
Importa também separar atração de desejo/libido. Alguém pode ter libido, gostar de afeto ou sexo por outras razões (intimidade, curiosidade, prazer), mas raramente sentir atração. Esta distinção ajuda a desfazer mitos como “é só uma fase” ou “é baixa libido”.
Muitas das pessoas que se sentem graysexuais descrevem a sensação como viver num ritmo diferente do resto do mundo, em que todos parecem ter grandes expectativas sociais sobre sexo. Vivem muitas vezes com um sentimento de estranheza perante conversas entre amigos e sentem dificuldade em encaixar-se nas categorias clássicas. Dar um nome a estes sentimentos proporcionam um sentimento de validação, de comunidade e dão ferramentas para que os graysexuais possam falar sobre frequência de sexo, alternativas de intimidade (carinho, massagem, dormir de conchinha), e sobre como o desejo pode flutuar com o tempo.
Organizações como a Stonewall incluem explicitamente os termos demisexual e greysexual debaixo do “chapéu ace”, ou seja, pessoas com baixo interesse por sexo. De acordo com um estudo da IPSOS, 15,6% de pessoas que estão nesta categoria "ace" identificam-se como graysexuais. Em paralelo, inquéritos internacionais mostram que Geração Z reporta identidades LGBTQ+ em níveis sem precedentes — o que ajuda a explicar a maior procura por rótulos que descrevem experiências menos faladas.