Menos sexo e menos satisfação sexual afetaram quase metade dos portugueses durante a pandemia. A conclusão é de um estudo do Sexlab, da Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade do Porto, que revela que 47% dos inquiridos fizeram menos sexo desde o início da pandemia e 40% admitiram uma diminuição da satisfação sexual, de acordo com os dados a que o jornal "Expresso" teve acesso.
Os números tiveram maior expressão nas mulheres, sendo que no que diz respeito à frequência das relações sexuais, quase metade do universo sexo feminino inquirido disse que notou alterações (41,5%) — enquanto apenas 36,6% dos homens notaram mudanças. Também as mulheres (24,4% face a 22,5% dos homens) notaram uma maior diminuição da atividade sexual.
O relatório do estudo denominado de I-SHARE, avança ainda que a masturbação ganhou maior expressão entre os homens: 24% referiu um aumento da frequência, ao passo que nas mulheres a taxa ficou nos 17%. Cenário semelhante acontece com o consumo de pornografia, sendo que os homens inquiridos admitiram um aumento na ordem dos 22% e as mulheres de apenas 9%.
Estes novos dados acompanham uma nota divulgada no site Pornhub em junho do ano passado, cerca de três meses desde o início da pandemia em Portugal, sobre o facto de o consumo de conteúdos pornográficos ter disparado durante a pandemia, com destaque para um pico (24,4%) a 25 de março, altura em que a plataforma passou a disponibilizar conteúdos gratuitos.
De volta ao estudo da Faculdade do Porto, este revelou ainda que a pandemia dificultou ou impediu o acesso a testes a infeções sexualmente transmissíveis ou VIH para 41% dos indivíduos. Os investigadores quiseram também perceber os níveis da violência psicológica e/ou verbal entre parceiros, e os dados recolhidos puderam apurar um diferença de 1% entre homens (8%) e mulheres (7%) que revelaram sofrer de um destes tipos de violência. Já a violência física incidiu mais sobre os homens (2%) do que sobre as mulheres (1%).
Uma vez divulgado este estudo — cujos dados foram recolhidos em setembro do ano passado entre 3.322 pessoas residentes em Portugal Continental, Madeira e Açores —, o Sexlab já está a preparar uma segunda fase da investigação, desta vez com o objetivo de perceber, em geral, o que mudou do primeiro para o segundo confinamento em Portugal, e, em particular, "o impacto nas dificuldades sexuais, prazer sexual e bem-estar sexual, por um lado“, bem como as “questões de violência nas relações de intimidade, entre outras”, revelou Pedro Nobre, um dos coordenadores do estudo, ao "Expresso".
Pode participar no novo inquérito aqui.