Há vários mitos e rumores de que água fria é extremamente benéfica para a saúde, mas que às vezes o calor também tem efeitos terapêuticos. Afinal qual é a opção melhor e mais saudável? Fomos saber com uma dermatologista.
Parece que, afinal, a razão está no meio das duas opções, explica Rita Travassos, dermatologista no Hospital CUF Descobertas. "A forma mais benéfica de tomar banho é com água tépida, pois é a melhor forma de não agredir a barreira cutânea, preservando a camada de sebo natural", explicou à MAGG. Os banhos de água quente são mesmo os mais prejudiciais, "pois removem esta barreira de 'óleos naturais' que protege o organismo, promovendo a desidratação da pele, especialmente em pessoas com doenças de pele, com a dermatite atópica." O banho de água quente também pode agravar a rosácea.
Como dermatologista, Rita Travassos acredita que não há grandes benefícios no banho com água fria. "Quando procuramos na literatura científica argumentação para os banhos com água fria, geralmente está associada à atividade da medicina desportiva, especialmente usados no período de recuperação após exercício em ambiente quente", explica. Ou seja, o banho frio após o exercício promove a mais rápida redução da temperatura central, frequência cardíaca e níveis de cortisol, assim como promove a recuperação muscular e reduz a inflamação, com menor dor e desconforto no dia seguinte.
Mitos e teorias quanto aos banhos de água fria
Mas haverá outros benefícios? Lavar o cabelo com água fria deixa-o mais brilhante? Para a dermatologista isto não está provado que sim, nem que não. "Mas o lavar com água quente é mais prejudicial, como acontece com a pele, pois facilita a remoção da camada de óleos naturais (colesterol, ácidos gordos e ceramidas) ao nível do couro cabeludo e haste capilar."
Muita gente tem também a ideia de que tomar banho com água fria melhora a celulite, o que não tem grande fundamento científico. Rita Travassos diz que "a única alteração que pode promover é temporariamente na circulação local (especialmente se for em alternância com banho quente), mas não altera a gordura presente e a sua distribuição."
Há também algumas teorias que associam os banhos de água fria a uma diminuição do risco de depressão, mas uma vez mais não existem provas concretas que relacionem as duas coisas. Rita Travassos diz à MAGG que há alguns artigos científicos sobre o assunto, "mas ainda pouco consistentes para se afirmar esta relação."
É frequente em alguns spas haver também a rotina de tomar banho de água quente e mudar para água fria. Será que isso ajuda? A dermatologista diz que não está provado o seu beneficio para a qualidade da pele ou cabelo, mas também nada sugere que seja prejudicial. "Se decidir tomar banho frio ou banho alternando frio e quente, deve ter alguns cuidados, nomeadamente: evitar fazer isso se esteve num ambiente frio antes do banho (pelo risco de hipotermia) e evitar banhos frios, ou banhos com variação de temperatura (com grandes amplitudes térmicas) em indivíduos com patologia cardiovascular."
Em geral, para a preservação da pele, os dermatologistas e a American Society of Dermatology (AAD) sugerem: banhos com água tépida com uma duração reduzida (cinco a dez minutos), utilizar produtos de lavagem de pH neutro e sem perfumes, secar a pele suavemente com a toalha e aplicar hidratante na pele após o banho.