Óculos de sol, toalha, fato de banho e chinelos nos pés. É com estes acessórios que a maioria das pessoas compõe os looks de verão, mas e se lhe dissermos que andar todo o dia com uns chinelos a separar os dedos, e de sola rasa e plana não é o mais indicado?
Paulo Amado, ortopedista no grupo HPA Saúde e presidente da Sociedade Portuguesa de Medicina e Cirurgia do Pé, explica à MAGG que o princípio para a escolha de qualquer sapato é o de que este se deve sempre moldar ao nosso pé. Contudo, chegada a altura de verão, são poucos os sapatos que nos permitem andar com o pé destapado e que, ao mesmo tempo, preencham justamente esse requisito.
"Quando temos um pé normal, e sem deformidade nenhuma, usar um chinelo vulgar (como as havaianas) de forma esporádica, não é prejudicial. No entanto, devíamos tentar escolher chinelos com a sola mais grossa possível", afirma. De acordo com Paulo Amado, "há alternativas muito finas e de má borracha que não protegem devidamente" o pé e, por isso, o que aconselha é que escolhamos sempre chinelos com, pelo menos, dois centímetros — ou até mais — de grossura.
"Mas tem de ser para uma utilização esporádica, como para ir à praia ou à piscina, e não aquilo que mais vemos que são pessoas a fazer caminhadas de chinelos ou a andar o dia todo com eles. Esse tipo de sapato não protege corretamente o pé", alerta o ortopedista.
Utilização frequente pode causar deformidades nos pés e dores na coluna
Deformidades nos pés e nos dedos, como o aparecimento de calosidades, são alguns dos efeitos que aparecem a longo prazo em quem usa constantemente este tipo de sapato. Além disso, o especialista alerta para problemas mais graves nos tornozelos, anca, joelhos ou até coluna, "onde podem aparecer as chamadas lombalgias".
"No caso de pessoas que já têm deformidades nos pés, como os chamados dedos em garra ou joanetes, é efetivamente prejudicial [andar com chinelos rasos e a separara os dedos] e nem a maioria das pessoas se sente bem. Nestes casos, é preferível usar o género de chinelos franciscanos, que são aqueles que não têm nenhum separador entre os dedos, apresentam tiras à volta do pé e são de sola rígida. Este é já um sapato de verão e fresco que não dá deformidades ao pé", refere Paulo Amado.
O ortopedista explica que esta é uma regra que se aplica tanto a adultos como a crianças, referindo que também os mais novos não devem andar frequentemente com os "chinelos vulgares". "O princípio é o que de que quanto mais o sapato se moldar ao pé, melhor", remata.