
É provável que já tenha ouvido falar da "doença dos pezinhos", nome vulgar pela qual é conhecida a paramiloidose, doença degenerativa diagnosticada a Filipa Menina, fadista e ex-concorrente do "The Voice Portugal", que morreu esta quinta-feira, 21 de abril.
A cantora, de 33 anos, que acabou por não passar da fase das Provas Cegas, explicou à época da sua participação no programa que sofria da doença, e que chegou a estar em perigo de vida. Filipa Menina acabou por não resistir a esta patologia rara e degenerativa, que apesar do nome fácil de fixar, nem sempre é simples de descrever.
Afinal, o que é a paramiloidose e que efeitos pode ter na vida de uma pessoa? Leva sempre à morte ou há como viver com a patologia? Falámos com uma especialista em genética médica para perceber melhor a doença.
O que é a paramiloidose e quais são os sintomas?
Trata-se de uma doença rara, hereditária e degenerativa que afeta o sistema nervoso periférico. De acordo com Marta Amorim, especialista em genética médica no Hospital Lusíadas Lisboa, consiste numa acumulação de amiloide, um composto tóxico para os nervos que afeta a sua função. Quem sofre da doença tem perda de sensibilidade corporal e de força motora.
Apesar de ser uma patologia com a qual a pessoa já nasce, geralmente só é detetada quando os sintomas se começam a notar, depois dos 30 anos (mas pode ser após os 70). Ainda tem prevalência em Portugal, e segundo a especialista, há um foco na Póvoa de Varzim e em Vila do Conde.
"A doença começa por afetar os nervos sensitivos e há perda de sensibilidade nas extremidades. Um dos primeiros sintomas é o formigueiro nos pés, daí também vulgarmente ser conhecida como a doença dos pezinhos. No entanto, não tem nada que ver com o teste que se faz aos recém-nascidos para despistar doenças metabólicas. Nesse exame, a paramiloidose nem sequer está incluída", esclarece.
Depois há uma progressão dos sintomas para a função motora e autonómica, isto é, nos nervos que têm uma função independente da nossa vontade — não precisamos de pensar para que atuem. Pode ainda provocar hipotensão, retenção urinária, incapacidade de suar, alterações nos intestinos e impotência sexual.

Outro dos sintomas inicias são as queimaduras sem que a pessoa se aperceba devido à perda de sensibilidade. Contudo, Marta Amorim explica que aquilo que se sente inicialmente e a progressão da doença depende de pessoa para pessoa: "Há quem seja afetado nos nervos com função independente antes de perder sensibilidade e força. Depende da acumulação do composto tóxico para os nervos (o amiloide).