Na segunda semana de quarentena em Espanha, a compra de bebidas alcoólicas aumentou bastante. A compra da cerveja subiu cerca de 77% em relação às semanas anteriores, seguida pelo vinho que subiu à volta de 62% e de bebidas brancas com 36%. Estes dados foram recolhidos num estudo feito pela revista "Inforetail" e divulgados pelo "El País".
O relatório também mostra uma moderação das grandes compras de há duas semanas. O pico mais alto ocorreu entre 11 e 14 de março, pouco antes de o estado de alarme ter sido decretado.
“Nas últimas duas semanas, o número de visitas de cada consumidor diminuiu e o volume de compras individuais aumentou ligeiramente, de acordo com as recomendações das autoridades de saúde. Essas compras refletem a quarentena vivida pela população espanhola ”, diz Felipe Medina, secretário geral da Associação Espanhola de Distribuidores, Auto-Serviços e Supermercados (ASEDAS),
Mas além das bebidas alcoólicas e do papel higiénico, cujo consumo se estabilizou, o salto feito nas compras das azeitonas (mais de 93%), batatas fritas (mais de 87%), chocolate (mais de 79%) ou gelado (mais de 76%) também é extraordinário. Além disso, segundo dados do Ministério da Agricultura, Pescas e Alimentação, o consumo de farinha disparou 196% em relação à semana passada.
Os cidadãos estão a optar por montar um bar e uma padaria em casa para matar o tempo.
Mas será que existe alguma explicação sociológica ou psicológica?
"Isto reflete o poder de nos dar recompensas e caprichos nestes tempos", diz Carmelo Vázquez, professor de psicopatologia na Universidade Complutense de Madrid. Segundo Carmelo, há parecenças no comportamento da população comparado com o comportamento após o 11 de setembro.
Uma das fases pela qual as pessoas passam nestas situações é a seguinte: beber cerveja, álcool ou comer batatas fritas. Tudo isto tem um efeito terapêutico. "O consumo de álcool e doces tem o efeito de aumentar as endorfinas, o que ocorre em altos momentos de stresse."
Olga Castanyer, psicóloga especialista em Psicologia Clínica diz que também ela se encontra "com os meus amigos no Skype para beber cervejas." A psicóloga explica que as compras destas duas últimas semanas são causadas pelos altos níveis de ansiedade que a população está a vier. "Uma pessoa não come bifes quando está stressado. O que o corpo quer é açúcar e gorduras."
Para Olga também é bom mantermos os costumes sociais do passado, ou seja beber copos de vinho em casa e comer azeitonas.
Neste momento, Espanha tem 110.238 casos confirmados, mais de 10 mil mortes e 26 743 pessoas já recuperaram.