Não haverá imunidade de grupo global contra a COVID-19 em 2021, admitiu na noite de segunda-feira, 11 de janeiro, a Organização Mundial de Saúde (OMS). A suspeita vai contra as previsões iniciais em que se dizia que, com o arranque da vacinação, viria a protecção da população generalizada contra o novo coronavírus.

"Mesmo com a proteção dos mais vulneráveis com as vacinas, não atingiremos um nível de imunidade de grupo em 2021. Mesmo que isso aconteça será apenas em alguns países, não em todo o mundo", disse Soumya Swaninatha, cientista chefe da OMS, numa conferência virtual. 

Um dos motivos prende-se com a fabricação da vacina, que "leva tempo", explicou a responsável científica, que apelou à "paciência" e cumprimento das normas de saúde pública para travar o aumento de casos. "É importante lembrar os governos e as populações das suas responsabilidades e das medidas que precisamos de continuar a implementar, pelo menos até ao fim deste ano".

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Além do alerta, a reunião serviu para fazer um balanço referente à vacinação. Bruce Aylward, médico epidemiologista canadiano, referiu que já 40 países estão a vacinar contra o novo coronavírus, estando cinco vacinas envolvidas no processo.

Esforços estão a ser feitos para que se acelere a distribuição das vacinas pelos países elegíveis pelo COVAX, mecanismo criado pela OMS e outras entidades para que haja uma distribuição equilibrada da vacina no mundo. "A boa vontade não protege as pessoas. Precisamos das doses de vacinas e precisamos rapidamente", alertou.

"Esperamos estar a vacinar nestes países em fevereiro. Estamos a fazer todo o possível para atingir o máximo de países possível, mas precisamos de cooperação dos fabricantes das vacinas, que nos entreguem os dados para que possam ser analisados em relação à eficácia, segurança e qualidade", disse o diretor-geral da OMS.

No mesmo sentido, Tedros Ghebreyesus, diretor-geral da OMS, quer que as vacinas sejam "distribuídas de forma justa nas próximas semanas", apelando aos países, para que estes participem no COVAX e, desta forma, se crie a "maior mobilização em massa da história para uma vacinação justa."

Além disso, o diretor-geral celebrou ainda o facto de uma equipa internacional de cientístas, oriundos de dez países distintos, estar a "iniciar a sua viagem" para a China, de modo a trabalhar com os colegas deste país na origem do vírus a partir do qual nasceu a COVID-19.