Quase todos os países do mundo estão juntos na luta contra o plástico. As Nações Unidas anunciaram que 186 países chegaram, esta sexta-feira, 10 de maio, numa convenção que se realizou na Suíça, a um acordo relativamente à poluição e desperdício do plástico, monitorizado o caminho que estes resíduos fazem quando saem das fronteiras desses países.

Os Estados Unidos não fizeram parte da convenção, portanto não votaram. Ainda assim, os participantes da reunião adiantaram que o país argumentou contra a mudança, alegando que as repercussões no comércio de resíduos de plástico seriam enormes.

O momento foi descrito por Rolph Payet, parte do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente, como “histórico”, adiantando que iria ajudar a criar um comércio global mais equilibrado naquilo que se refere ao plástico e aos seus resíduos tóxicos, dois grandes culpados pela poluição dos oceanos e morte de vida selvagem. De acordo com o “The Independent”, o acordo vai afetar os produtos utilizados em vários setores, desde a saúde, à tecnologia, aeroespacial, moda, alimentos e bebidas.

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Segundo o “The Guardian”, um dos grandes objetivos é conter o fluxo e acumulação do plástico nos países mais pobres, de forma a tornar o comércio mundial de resíduos “mais transparente” e “mais bem regulado, protegendo os humanos e o meio ambiente.”

“Isto está a enviar um sinal político muito forte para o resto do mundo — para o setor privado, para o mercado do consumidor — de que precisamos de fazer alguma coisa”, disse. “Os países decidiram fazer alguma coisa que se vai traduzir em ação real no terreno.”

Cada país terá, segundo Payet, de encontrar os seus mecanismos de ação na luta contra a degradação do planeta, o que poderá afetar os poucos países que não entraram no acordo — como os Estados Unidos —, uma vez que os seus resíduos de plástico podem afetar os países comprometidos e protegidos no acordo.

Países exportadores terão agora de obter o consentimento dos que recebem os resíduos de plástico contaminado, mistos ou não recicláveis, indo contra a regra que estava estabelecida: algumas nações, como os EUA, podiam enviar resíduos de plástico de baixa qualidade para entidades privadas em países em desenvolvimento, como a Tailândia e Malásia — os principais destinos desde que a China parou de aceitar reciclagem deste país —, sem ser necessária a aprovação dos governos.

Descobrimos que lixo dos Estados Unidos está a ser acumulado em vilas ao longo destes países, que, noutra altura, tinham sido comunidades agrícolas”, explica ao “The Guardian” Claire Arkin, porta-voz da Global Alliance for Incinerator Alternatives.

A ideia do acordo, liderada pela Noruega, foi post em cima da mesa em setembro e em pouco tempo foi aprovada pelos canais tradicionais da Organização das Nações Unidas (ONU).

“Os países conseguiram usar um instrumento internacional para implementar estas medidas”, diz Payet. “Haverá um sistema transparente e rastreável para a exportação e importação de resíduos de plástico.”

Sobre a rapidez nas negociações, o líder da expedição para a National Geographic Pristina Sea Expeditions, aponta como potencial causa a mudança na opinião pública, cada vez mais alerta para a catástrofe ambiental.