Já ninguém — ou talvez só Donald Trump — duvida do impacto que o plástico tem para o ambiente. E esta terça-feira, 11 de junho, toda esta teoria que já com consequências bem práticas, ganha uma nova força com a publicação de um estudo da Universidade de Newcastle, Austrália, encomendado pela associação ambientalista internacional WWF. Os resultados sugerem que cada pessoa ingere aproximadamente cinco gramas de plástico por semana.
Não pense que isto é ingerido em bloco, até porque acontece de forma impercetível. Tudo é medido em microplásticos e a investigação revela que cada pessoa ingere duas mil micropartículas de plástico por ano, ou seja, cerca de 250 gramas.
Numa tentativa de impactar quem lê o resultado desta investigação, os cientistas trocaram as gramas por objetos palpáveis. Assim, cada pessoa ingere o equivalente a um cartão de crédito por semana. A MAGG continuou nas conversões, e se por mês podemos contar com 20 gramas ou o equivalente a um pacote de pastilhas Trident, por ano os 250 gramas de plástico podem ser convertidos em, por exemplo, duas latas de atum.
Com apenas cinco milímetros (ou até menos) de tamanho, os microplásticos têm origem em roupa sintética, pneus, pellets de plástico (que são utilizados na manufatura de plástico) ou até em plástico partido. Devido ao seu tamanho reduzido acaba por ter uma maior facilidade em infiltrar-se em rios, lagos, oceanos e até no ar.
A equipa de investigadores, que compilou mais de 50 estudos sobre o tema, concluiu que desde o ano 2000, produzimos mais plástico do que todos os anos anteriores juntos. A produção de plástico aumentou 200 vezes desde 1950 e cresceu a uma taxa de 4% ao ano desde 2000.
O problema está, não só na produção desenfreada de plástico, mas na sua má gestão. Sabe-se atualmente que, se nada mudar, o oceano terá uma tonelada métrica de plástico para cada três toneladas métricas de peixe até 2025.
E ainda que este não seja o primeiro estudo a medir a quantidade de plástico que acaba por ser ingerida pelo Homem, é o primeiro a medir essa quantidade em peso.
A investigação focou-se na presença destas micropartículas em bebidas e comida e concluiu que a principal fonte de contaminação é a água, principalmente se for engarrafada. "Na água, são principalmente fibras que podem vir de atividades industriais e que entram nos caudais de água doce que acabam por passar para a água potável", explica Thava Palanisami, um dos líderes da investigação, em comunicado.
Entre outros vários produtos analisados, os frutos do mar, a cerveja e o sal apresentam a taxa mais elevada de microplásticos. A quantidade de microplásticos encontradas no marisco prende-se com o facto de ser comido praticamente inteiro, inclusive as suas entranhas, depois de uma vida a viver num mar contaminado.
Para a WWF, a conclusão deste estudo vem provar que o impacto da produção e má gestão do plástico não afeta apenas a floresta ou os mares. “É um alerta para os governos: os plásticos não só poluem os nossos rios e oceanos, não matam apenas a vida marinha, mas estão em todos nós”, salientou Marco Lambertini, diretor da associação ambientalista.