A Match Group, empresa proprietária de várias aplicações de encontros como a Tinder e a Hinge, está a ser acusada de incentivar ao uso compulsivo destas plataformas com o propósito de gerar lucros, em vez de ajudar os utilizadores a estabelecer relações verdadeiras. A ação judicial apresentada por seis indivíduos deu entrada no tribunal federal de São Francisco, Califórnia, EUA, na quarta-feira, 14 de fevereiro, e procura obter o estatuto de ação coletiva.
Os seis queixosos, segundo a Reuters, afirmam que o modelo de negócio da Match Group é “predatório”, e que a empresa apresenta as suas plataformas de namoro com recursos semelhantes aos dos jogos viciantes, cujo único propósito é “prender os utilizadores a um ciclo perpétuo de pagar para jogar”. Isto faz com que quem usufrui destas aplicações pague centenas de dólares por ano pelas subscrições.
Esta política, de acordo com o processo apresentado e citado pelo mesmo meio de comunicação, acaba por transformar os utilizadores em viciados, que compram assinaturas cada vez mais caras para aceder a recursos alegadamente especiais. Um exemplo prático desse tipo de assinaturas é a atualização lançada em setembro do Tinder, que quis recompensar os mais ativos na plataforma com um pack especial intitulado de Tinder Select, com um custo de 499 dólares (cerca de 470€).
“O modelo de negócios da Match depende da geração de retornos por meio da atenção dos utilizadores, e a empresa garantiu o seu sucesso no mercado ao criar o vício em aplicações de encontros que gera assinaturas caras”, pode ler-se no processo, citado pela “Associated Press”.
O processo acusa a Match, assim, de negligência e de violar várias leis de proteção do consumidor, procurando obter uma indemnização não especificada para as pessoas que pagaram para utilizar o Tinder, o Hinge ou outras plataformas da empresa nos últimos quatro anos, segundo a Reuters. O processo também pede novos avisos sobre os riscos de dependência.
Numa declaração, citada pela agência de notícias, a Match discorda dos queixosos, dizendo que o processo é “ridículo e sem mérito nenhum”. “O nosso modelo de negócio não se baseia em publicidade ou em métricas de envolvimento. Esforçamo-nos ativamente para que as pessoas tenham encontros todos os dias. Qualquer pessoa que diga o contrário não compreende o objetivo e a missão de toda a nossa indústria”, escreveram.