Para cada grande produção como “A Guerra dos Tronos”, há cinco ou mais séries que passam despercebidas e que não são conhecidas ao ponto de se tornarem assunto de conversa em jantares de amigos. “The Americans”, terminado em 2018 e considerado pela crítica como um dos melhores (e mais desconhecidos) títulos dos últimos anos, é só um exemplo.
Todas as segundas-feiras, a MAGG traz-lhe uma sugestão imperdível na nova rubrica “A série que ninguém está a ver”, com o objetivo de dar a conhecer algumas das produções com menos visibilidade — mas que merecem tantos ou mais elogios como outras populares. Depois de "Servant", a nova sugestão é “Line of Duty” que é capaz de agradar a todos os que diziam que "Bodyguard" era a melhor série de 2018 (não foi). É que esta é do mesmo criador, só que melhor.
A série de Jed Mercurio, assim se chama a mente capaz de criar uma coisa meio nhé como "Bodyguard" depois de criar algo verdadeiramente interessante como "Line of Duty", é muito simples em premissa e talvez isso não jogue a seu favor. É que esta é a típica série policial em que os "ladrões" são polícias.
Confuso? Explicamos melhor: "Line of Duty" acompanha os agentes do departamento de anti-corrupção da polícia britânica que, logo na primeira temporada, se veem a braços com a revelação de que outros agentes podem estar envolvidos numa ampla rede de crime organizado. E se já está a torcer o nariz com a ideia, continue a ler.
É que aqui não há perseguições a alta velocidade nem reviravoltas clichés (embora os twists na história sejam vários e façam a história ir dos 0 aos 100 muito depressa), e toda a tensão dos episódios acontece durante as sessões de interrogatório que devem ser das mais duras que alguma vez foram feitas em séries de televisão.
Além de ser uma série britânica — o que implica um mood e um ambiente mais negro e denso —, o argumento não tem falhas e os diálogos são pensados ao pormenor para que cada interação entre as personagens seja irrepreensível e sirva para avançar a história e nunca recuar. O que significa que também não há episódios chatos e que nada acrescentam à narrativa.
Mas porque nem tudo podia ser perfeito, "Line of Duty" sofre do mesmo mal de "Breaking Bad" com uma primeira temporada geralmente mais fraca e que demora até que se perceba qual o drama principal.
O que recomendo, porque uma série nunca deve ser desdenhada, é que quem decidir espreitá-la não desista quando começar a achá-la aborrecida. Prometo que vai melhorar muito a meio da primeira temporada e que, depois disso, tudo passa a fazer sentido.
É que embora a história e a investigação principal mudem a cada temporada, a verdade é que todas as narrativas partem do mesmo princípio e estão interligadas. E isso talvez ajude a explicar o arranque morno, e até lento, dos primeiros episódios.
A série é da BBC e, em Portugal, é transmitida em exclusivo pela Netflix — o que significa que, assim que terminar de ler este artigo, pode abrir a plataforma de streaming, procurar a série e espreitar esta sugestão. E o melhor de tudo é que as cinco temporadas já estão disponíveis, estando já confirmada uma sexta para o final de 2020.
O que sugerimos é que não leia mais nada sobre "Line of Duty" além deste artigo, até para se proteger dos vários spoilers que inundam a internet. É que a história ficou tão intensa que já existem várias teorias sobre quem gere a rede de crime organizado que se infiltrou na polícia — e algumas delas são certeiras e capazes de estragar a série a quem estiver nas primeiras temporadas.
Cada temporada tem cinco a seis episódios (o que faz dela uma série que se vê muito bem) e o elenco é composto por Martin Compston, Vicky McClure, Adrian Dunbar e Craig Parkinson nos papéis principais.