Há histórias que davam um filme e o caso de Michael Matthews é uma delas. Tinha 22 anos quando se tornou o britânico mais jovem a escalar o Monte Evereste, mas, chegando ao cume da montanha, desapareceu sem deixar rasto. Mais de duas décadas depois, o irmão mais novo, Spencer, recebe uma pista do paradeiro do corpo – e é precisamente este o mote do novo documentário da Disney+, "À Procura de Michael", que chega à plataforma esta sexta-feira, 3 de março.

Caso não tenhamos sido explícitos o suficiente, sim, esta é uma história real. Aconteceu em 1999, quando Michael rumou até ao Nepal para escalar a montanha mais alta do mundo. Três horas depois de atingir o marco final, nunca mais ninguém o viu – e Spencer Matthews, empresário e estrela do reality show britânico "Made in Chelsea", tinha apenas 10 anos quando perdeu o irmão.

A ausência de Michael causou-lhe uma dor incomensurável e foram precisos mais de 20 anos para Spencer ver uma luz ao fundo do túnel. Isto porque houve um dia em que recebeu uma mensagem que continha a foto de um corpo, que jazia na mesma montanha onde o irmão havia desaparecido, e que podia muito bem ser o próprio. "Estávamos desconfortáveis ​​por o termos deixado no Evereste, e o facto de nunca termos tido um corpo para fazer o luto ou para nos despedirmos, parecia errado", admite Spencer, citado pelo "Mirror".

E a fotografia que recebeu foi o empurrão de que precisava para levar a cabo uma possível missão de resgate. "Depois daquela foto, o pensamento de recuperar o corpo dele começou a andar às voltas na minha cabeça", frisa. "Assim que percebemos que o Evereste se tinha tornado mais comercial e havia mais acesso, senti que tínhamos que fazê-lo", acrescenta. "Ele está congelado no tempo. Agora, eu é que sou o irmão mais velho dele. Queria trazê-lo para casa, para minha a mãe", explica, citado pelo "Daily Mail".

Rapidamente, esse desejo começou a materializar-se. Sem hesitar, em 2022, a estrela dos reality shows, agora com 34 anos, decidiu voar até ao Nepal, onde recrutou Nims Purja, um alpinista que detém inúmeros recordes da modalidade. O desportista encabeçou uma operação para encontrar Michael, com toda uma equipa de busca montada na "Zona de Morte" do Evereste.

Spencer passou um mês no acampamento, enquanto as buscas decorriam. "É um ambiente bastante difícil, silencioso e sem vida. O ar é muito rarefeito", admite, acrescentando que "as noites são frias e desconfortáveis". Todos estes aspetos adensaram as saudades que sentia dos seus três filhos e da mulher, que estavam em casa a torcer pelo sucesso da operação.

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Mesmo que quisesse muito encontrar o irmão, havia outro fator a ter em conta – até porque, inevitavelmente, tratava-se de um corpo, com o qual iria deparar-se. "Eu tive de preparar-me para ficar cara a cara com o corpo congelado do Michael, o que é difícil", disse, citado pelo "Mirror".

Ainda assim, a experiência fê-lo sentir-se mais próximo do irmão, sendo que até deu de caras com outro alpinista, Dave Rodney, que o conheceu em 1999, antes de desaparecer. "Ele partilhou o vídeo da expedição deles. Foi a primeira vez que ouvi a voz do Mike [como carinhosamente o apelidava] em mais de 20 anos, foi incrível", frisa.

Se a missão teve sucesso? Ainda não é certo. Segundo o jornal britânico, até à data, ainda não se sabe se Spencer terá encontrado o irmão. A única certeza é que tentou realizar o desejo de reaver o corpo de Michael, sendo que, durante anos, viveu assombrado com imagens que imaginava do mesmo "sozinho, com frio e de barriga para baixo na montanha".

São estes (e outros) detalhes que vai poder explorar com mais atenção em "À Procura de Michael", que vai chegar à Disney+ esta sexta-feira, 3 de março. A produção, realizada por Tom Beard, vai contar com os testemunhos emocionantes de Spencer e da respetiva família, que deixam evidenciar todas as esperanças e decepções de quem só quer uma coisa: fazer, finalmente, o luto de um ente querido.