Após os comentários homofóbicos proferidos por Quintino Aires nesta terça-feira, 14 de setembro, no "BB Extra", o psicólogo e comentador do formato foi afastado do programa, confirmou a TVI à MAGG.
A MAGG contactou a TVI com o propósito de perceber a posição do canal face às declarações que foram proferidas em direto na sua grelha. Numa nota oficial, a TVI diz não se rever "nos comentários de Quintino Aires", demarcando-se deste tipo de discurso.
"Perante o discurso proferido ontem [na noite de terça-feira, 14 de setembro], no 'BB Extra' pelo comentador Quintino Aires, a TVI afirma que não se revê neste tipo de comentários. Esta é uma opinião do comentador e a TVI refuta qualquer comportamento ou atitude homofóbica, xenófoba ou sexista", diz o canal.
Além disso, o canal garante que "o 'Big Brother' é um formato que visa os valores humanos, com impacto significativo na sociedade, tratando de diversos temas, atividades e pessoas com respeito, seriedade e dignidade". O programa, conclui o canal, "defende causas e elimina tabus, apostando na diversidade e multiculturalidade que são plenamente respeitadas e celebradas".
A TVI diz ainda à MAGG que um dos comentadores em carteira substituirá o lugar deixado vago por Quintino Aires. Em carteira, estão, além de Ana Garcia Martins, os comentadores Zé Lopes, Helena Isabel, Merche Romero, Susana Dias Ramos, Andreia Filipe, Cinha Jardim e Flávio Furtado.
Em causa estão as declarações do comentador que, referindo-se ao concorrente Bruno D’Almeida — que este ano conseguiu levar à Assembleia da República o debate sobre a discriminação dos homossexuais na doação de sangue, resultando numa alteração das normas em vigor — proferiu um discurso homofóbico e transfóbico, apelidando-o de "bicha desocupada".
Os comentários homofóbicos de Quintino Aires
Para Quintino Aires, a norma da Direção-Geral da Saúde (DGS) que, até então, impedia homossexuais de doarem sangue, existia "porque os homossexuais eram muito mais promíscuos e continuam a querer mostrar a sua promiscuidade naquela vergonhosa 'marcha da vergonha'", termo pejorativo que usou para se referir à Marcha do Orgulho Gay.
"Quando se faz a marcha, vão, na sua grande maioria, meios nus a lamberem-se todos. A seguir, aumenta o número de infeções e as instituições preparam-se para isso. Quem não quer ser lobo, que não lhe vista a pele."
O comentador continuou a sua tese, argumentando que a medida imposta pela Direção-Geral da Saúde — e alterada recentemente — era fundamental" para salvar vidas".
"Existe outra coisa ainda mais grave: o facto de agora, quem tem sexo com muita gente, pode dar sangue ao fim de três meses quando antes era preciso esperar seis. Preferia que se esperasse um ano. O serviço de sangue tem muito cuidado, mas [agora] vai aumentar o risco de precisarmos de uma transfusão", argumentou, sem provas, números ou material de apoio que corroborasse a sua argumentação.
"Não há aqui [referindo-se à alteração das normas] nada de extraordinário. Há, sim, uma irresponsabilidade enorme. Quando aparece um miúdo irresponsável... deixe-me invocar a constituição portuguesa para dizer o que vou dizer. Quando aparece uma bicha desocupada a achar-se o herói da rotunda e que veio acabar com a discriminação contra a homossexualidade... não foi isso que veio fazer", concluiu.