Carole Baskin, a mulher que fez frente a Joe Exotic, e que este quis matar, deu a sua primeira entrevista após o lançamento de "Tiger King: Morte, Caos e Loucura" na Netflix. A ativista pelos direitos dos animais acusa o documentário de de falhar no essencial e descreve as últimas semanas como as mais complicadas da sua vida, depois de ter recebido várias ameaças de estranhos que descobriram o seu número de telefone.

Mas o que mais a preocupa é a forma como foi caracterizada no documentário. "Estou muito perturbada com o facto de as pessoas não terem percebido o ponto fundamental do documentário. E o ponto é que estes felinos grandes estão a ser abusados à vista de todos e o público, que visita os parques, está a potenciar isso mesmo", explicou ao jornal "Tampa Bay".

Em boa verdade, uma das escolhas dos realizadores de "Tiger King" foi a de a tentar associar ao desaparecimento do seu ex-marido, em meados de 1997. Embora os fãs não tenham dúvidas de que Baskin esteve envolvida, não está nada provado e mesmo o departamento do xerife de Hillsborough garante que a ativista não é suspeita.

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"Não há formas de descrever a intensidade desta sensação de traição que sentimos", revelou Howard Baskin, atual marido de Carole Baskin, à mesma publicação. Aqui refere-se à forma como se sentiram desiludidos pelo tratamento que tiverem no documentário de dois realizadores que sempre estiveram ligados à proteção e preservação dos direitos dos animais.

Foi por isso mesmo que foram completamente apanhados de surpresa quando um episódio inteiro de "Tiger King" se focou no desaparecimento do ex-marido de Carole. O facto de Joe Exotic alegar saber de fonte segura que foi a mulher que o matou e que o deu de comer aos tigres, não ajudou.

Desde então que Carole Baskin recebe várias chamadas anónimas por dia de estranhos que, de alguma forma, conseguiram descobrir o seu número de telefone. Mas também recebe chamadas falsas no número de telefone da associação que gere e que, suspeita, são de pessoas que lhe reportam situações fictícias para lhe poderem fazer mal.

À mesma publicação, diz que já viu vários drones a sobrevoar a sua casa e que a câmara junto à campainha do santuário para felinos grandes captou a imagem de mais de 30 pessoas. Todas elas diferentes e com motivações dúbias.

Face aos memes, às piadas e às teorias da conspiração sobre a suspeita, ainda que não oficial, de estar envolvida no desaparecimento do marido, Carole Baskin mostra-se desapontada. "Os espectadores viram aqueles leões e aqueles tigres a serem arrancados das mães. Onde estão os memes sobre isso? E os comentários corajosos, onde estão?".

Face às acusações de Carole Baskin durante a primeira entrevista, o produtor Eric Good reagiu e diz que a ativista falou sobre o que quis sem nunca ser forçada a nada.

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"A Carole falou sobre a sua vida pessoal, a infância, os abusos de que foi vítima do seu primeiro e segundo marido, o desaparecimento do ex... Sem dúvida que não foi obrigada a nada", revelou ao "Los Angeles Times".

No entanto, os novos comentários de Baskin surgem numa altura em que os realizadores estão a ser acusados de ignorar detalhes importantes (como o facto de Joe Exotic ter feito vários comentários racistas ou o de se saber que não era ele quem cantava nas suas canções) para criar um produto com o objetivo de chocar.

"Tiger King" está inteiramente disponível na Netlix e desde a estreia que continua um dos conteúdos mais populares da plataforma de streaming.