Depois de semanas de pasmaceira total, já não nos podemos queixar de falta de animação nas galas do "Big Brother — A Revolução": a casa está a arder, e tenho para mim que falta pouco para acionarmos o alerta de mortos e feridos. Vá, se calhar não tanto, mas um pontapé na cadeira, quase como uma pequena homenagem a Marco Borges, já esteve mais longe.
Mas vamos a um rápido contexto. Com Pedro, Carina, Andreia, Rui Pedro e Sofia nomeados, o alívio chegou em primeiro lugar para Andreia, que regressou rapidamente à casa. Sofia foi salva de seguida, envolta em lágrimas, mas está nomeada diretamente esta semana, devido a ser considerada a zombie do jogo pelos colegas.
Numa semana em que Rui Pedro falou em desistir, padeceu com a falta de Jéssica Antunes e atacou Joana, passou de besta a bestial, e não só escapou à expulsão, como também a uma nomeação — ficou nomeado pelo grupo, mas os portugueses salvaram-no de ir à chapa numa votação na aplicação.
Rui foi o terceiro a ser salvo, deixando Pedro e Carina dentro da Sala de Decisões. Para muito espanto dos colegas no interior da casa, Pedro foi salvo e Carina expulsa — mas pode ser sol de pouca dura, dado que juntamente com Andreia, Sofia, Michel e Joana, volta a estar nomeado.
Numa gala em que nem todos tiveram o mesmo número de nomeações, deixando tudo para a sorte e para a coragem de enfiar uma mão num aquário cheio de cobras, Zena foi eleita líder da semana depois de retirar a bola premiada com o privilégio.
Os portugueses podem não amar Pedro, mas gostam menos de ataques em grupo
A gala deste domingo, 1 de novembro, começou justamente com Pedro em destaque, para tentar avaliar se os comportamentos do concorrente, claramente condenados por toda a casa, eram de vilão ou vítima. Bem, a ideia inicial era a de mostrar imagens, questionar Pedro e tentar passar para os espectadores a verdadeira essência do concorrente; o que se passou foi um julgamento em praça pública, com a juíza Teresa Guilherme claramente a mostrar preferências — ou neste caso, não preferências.
Atenção: importa para o caso dizer que, como seguidora desta edição, não tenho qualquer carinho pelo Pedro. Aliás, acho que em qualquer outro contexto já estava dali para fora, e quer seja de forma involuntária ou não, já ninguém tem paciência para as suas saídas e provocações. Ah, e só para pôr o carro à frente dos bois, achei de super mau tom a forma como entrou na casa depois de ser salvo, quase a falar sozinho, a enaltecer a escolha dos portugueses. "Os portugueses vêem [...] Ia desistir, mas assim não."
Porém, todavia, contudo. Pedro pode não ter os melhores comportamentos, mas mais do que os portugueses verem se ele é culpado ou inocente, vou mais longe e digo que os portugueses não gostam de ver um grupo unir-se contra uma pessoa só por ser mais velha ou ter entrado depois.
E, na minha singela e humilde opinião, é justamente isso que tem mantido Pedro dentro da casa. O concorrente pode ser conflituoso (porque é), pode ter saídas mal-educadas (porque tem), mas muito antes disso, quando entrou na casa da Ericeira pronto para se dar com todos, os colegas, enquanto grupo e na sua maioria, foram os primeiros a pô-lo de lado, apenas e só por ser mais velho. É que Pedro pode ter muitas coisas más, mas não teve sequer tempo para mostrar o que quer que fosse antes de ser nomeado e afastado em massa, tal como aconteceu com Sandra e Andreia — que continua a ser o segundo alvo de eleição de grande parte dos concorrentes.
Numa das primeiras festas na casa já com a presença de Pedro, Sofia recusou-se mesmo a dançar com ele porque, e cito, só o conseguia fazer com amigos próximos. Isto é a gozar, não é? Porque toda a gente sabe que esta gente passa ali 24 horas e já são para a vida. Amiga, já vimos desculpas melhores.
Preferências é uma coisa. Dualidade de critérios à descarada é outra bem diferente
Volto a dizer que não gosto particularmente de nenhum destes concorrentes — vá, safa-se a Jéssica Fernandes —, mas a última gala deu-me arrepios na espinha ao presenciar uma dualidade de critérios estonteante. É verdade que nunca apresentei nenhum reality show (eu sei, choque, não estavam à espera desta), e até acredito que seja um formato em que é impossível para um apresentador não mostrar algumas preferências.
Mas isso é uma coisa. Outra é o que Teresa Guilherme fez ontem. Depois de não ter poupado Pedro na abertura do programa, temas como a discussão de Rui Pedro com Joana foram passados muito ao de leve. E nem vamos falar sobre Carina, onde mesmo depois da concorrente do Porto mostrar sérias faltas de respeito por vários colegas, sempre foi muito acarinhada por Teresa Guilherme.
Por outro lado, e apesar de Joana entrar claramente para o top dos concorrentes mais falsos de sempre, não fui só eu a notar, novamente, a diferença no trato de Teresa Guilherme perante esta concorrente, quando Rui ou Carina também já tiveram posturas condenáveis, pois não?
Mas calma, a apresentadora não é a única a ter dois pesos e duas medidas, mas a produção também. Ora bem, na edição do "BB 2020", Pedro Soá foi expulso depois de explodir com Teresa e ser agressivo com a concorrente. Meses depois, dá dó ver a forma como Rui trata Joana, nenhum dos colegas reage (a não ser André Abrantes, mas já lá vamos) e a coisa passa com uma sanção que dita que não pode ser líder. Vamos mais longe ainda. Na semana passada, Carina teve uma saída agressiva para com um colega, e ficou automaticamente nomeada. Porque é que Rui Pedro não teve o mesmo castigo? Este "Big Brother — A Revolução" é tão estranho, que quase parece que estou a defender Pedro Soá. É para verem o nível da coisa.
Renato e André Abrantes ganham o prémio da incoerência
A gala deste domingo começou com Renato e Jéssica Fernandes separados. Durante a semana, a fadista verbalizou novamente os sentimentos que ainda tem pelo ex-namorado, Renato não conseguiu lidar mais com a situação e optou por pôr um fim no relacionamento amoroso, garantindo que iam continuar amigos.
Ok, é verdade que Renato também é muito amigo de Rui, mas não nos vamos esquecer que passou metade do tempo na Ericeira com a língua enfiada na boca de Jéssica — desculpem o grafismo —, a dizer que estava completamente apaixonado. E mesmo que não esteja a lidar bem com os sentimentos mal resolvidos da concorrente com o ex, isso não quer dizer que a consegue descartar em dois tempos.
Mas perante a questão de quem teria direito a um privilégio incrível, o de ter contacto com o exterior, onde a escolha se dividia entre deixar Rui falar com a Jéssica Antunes, a namorada que arranjou na Ericeira e que não vê há uma semana, e Jéssica Fernandes falar com a mãe Sandra, que não vê há quase um mês e que abandonou a casa a sentir-se humilhada e visivelmente abalada, Renato escolhe dar a Rui a oportunidade.
Teve um AVC e nós não vimos? Para completar a festa da incoerência, e depois de até já ter falado da sua ex na casa, volta a estar frente a frente com Jéssica, falam sobre o fim da relação, mas ficou claro para quem estava a acompanhar a emissão que se agarraram (possivelmente aos beijos) à saída do confessionário.
E André Abrantes, meu amigos? Outro concorrente por quem nutro uma simpatia rasteirinha, inexistente vá, mas que subiu na minha consideração ao ser o único a defender Joana e fazer sombra à hegemonia do rei sol Rui Pedro, que já o rebaixou ao nível de concorrente fraco e zero interesse para o jogo. Chegamos à decisão do privilégio, e escolhe Rui em vez de Jéssica. E depois nomeia Rui. Expliquem-me, que eu não consigo. Aliás, dá para dar a vitória a Jéssica e saltar já para o "Duplo Impacto"? Pensem nisso.