A 18 de abril ficámos a saber. Depois de ter visto a sua estreia a 22 de março cancelada devido à COVID-19, o "Big Brother 2020" vai mesmo acontecer e está para breve. A 26 de abril o programa que marca os 20 anos desde a primeira edição portuguesa vai voltar a estrear na TVI e dar a conhecer os novos concorrentes que vão ocupar aquela que ficou conhecida como a casa mais vigiada do país. Mas isso também não é para já.
É que, como foi também já anunciado, o reality show vai começar num formato bastante peculiar, a que se deu o nome de "BB Zoom". O que acontece é que nos 14 primeiros dias, os concorrentes vão estar separados e isolados em hotéis, apartamentos e casas vigiadas, e acompanhados apenas por um elemento da produção. Nestas duas semanas, vão interagir uns com os outros e com o apresentador Cláudio Ramos por via digital, sendo que a todos será dado um tablet. As galas, onde não haverá público, serão feitas à distância, tal como os tempos o exigem. Depois, e realizados os testes para garantir que ninguém está infetado, os concorrentes seguem então para a famosa casa.
Sobre o motivo que os levou a preferir este novo formato — ao invés de se esperarem mais duas semanas — Nuno Santos, diretor de programas da TVI, explica em videoconferência com vários jornalistas que tratou-se de uma escolha. "Avaliámos e achámos que era a melhor escolha", disse. "Se há dois meses disséssemos que a primeira fase do "Big Brother" seria em versão BB Zoom toda a gente acharia estranhíssimo. Agora já não acham. É a vida que todos estamos a viver."
Nuno Santos não está preocupado com um possível falhanço deste novo formato, depois de o original ter sido condicionado pela pandemia. “Continuamos a pensar que este vai ser o programa do ano", disse. Ressalvando que houve ajustes necessários à realização do reality show nestas circunstâncias, o diretor de programas salienta que mantém-se a sua matriz e que "desse ponto de vista o 'Big Brother' é o programa sobre a qual mais curiosidade existe neste momento."
Cláudio Ramos estreia-se no formato que o levou a trocar a SIC pela TVI, mas num estúdio vazio. “Não há dúvida de que uma plateia faz parte e que o público é grande parte do espetáculo de televisão", diz, acrescentado que é isto que está a acontecer em todos os programas do mundo e destacando que o importante é que toda a gente esteja saudável. "Se faz falta? Faz. Mas vamos trabalhar com as ferramentas que temos. E vamos trabalhar bem."
Sobre aquilo que podemos esperar do "BB Zoom", Nuno Santos explica que todos os concorrentes terão acesso a um tablet mas que este não lhes dará acesso ao resto do mundo. “Eles estão desligados do mundo, eles não têm notícias, não vão saber nada do que se passa cá fora."
Apesar de separados, o diretor de programas do canal de Queluz de Baixo garante que vai haver assunto. "Vai haver tarefas, testes, avaliações, perguntas e respostas que vão gerar conteúdo."
Será o espectador um mero observador? "Não sabemos. Alguma coisa pode acontecer", sugere.
Com as galas entregues a Cláudio Ramos, Maria Botelho Moniz e Mafalda Castro vão apresentar as outras emissões do programa, divididas em programas diários, às 19 horas e às 23h45, e num compacto ao sábado. "Este é o modelo com o qual se arranca", diz Nuno Santos, que acrescenta que este poderá vir a sofrer alterações, consoante o evoluir da situação da COVID-19 em Portugal e das novas regras que poderão vir a ser anunciadas pelo governo.
Ana Garcia Martins, humorista e autora do blogue "A Pipoca Mais Doce" será uma das comentadoras do programa, mas ocupará um lugar especial — será uma espécie de "Paulo Portas" ou de"Luís Marques Mendes" do reality show. "Ela conhece e viu todos os programas. Depois tem um olhar muito mordaz, crítico, destemperado, frontal e eu acho que essa frontalidade também fazem parte do programa."
"Os concorrentes muito bons, já fazem parte da minha família há meses"
Cláudio Ramos, que também já participou numa edição do reality show, não poupou os elogios aos concorrentes que vão formar a nova edição do BB 2020. "Os concorrentes são muito bons, já fazem parte da minha família há meses", disse. "Ao primeiro contacto vão ficar rendidos."
O novo grupo que vai ocupar a casa foi descrito como sendo constituído por pessoas reais. Sobre o conceito, Nuno Santos adianta que se trata de indivíduos que "podiam ser da nossa família, do nosso trabalho ou grupo de amigos."
São de todas as idades, de todas as regiões, de várias áreas de trabalho e alguns vivem fora de Portugal. "Há uma boa mistura no seu pensamento, nas suas contradições, educação, que pode ser muito atrativa para essa dialéctica de que o programa precisa."
Sobre se o formato português se vai inspirar no brasileiro, que é o maior sucesso deste país, Nuno Santos admite que esta é uma edição "bastante inspiradora", mas que o BB 2020 "bebeu alguma coisa de todas as versões internacionais."
Num mundo cada vez mais ligado e conectado, Nuno Santos termina garantindo que não haverá exceções nesta edição face às anteriores, em que o mundo era ainda um sítio diferente. "O princípio central mantém-se. Não têm contato com o mundo exterior e a relação é entre eles."