Sapal é uma palavra muito feia, mas no fundo é disso que se trata. A Ria Formosa é um sapal, sendo que sapal é, de acordo com o dicionário online Priberam, um terreno alagadiço. Nenhuma das palavras utilizadas é particularmente elegante, mas basta viver em Portugal para saber que estamos a falar de uma das mais bonitas riquezas naturais do Algarve. E, descrições elaboradas à parte, o nosso sapal é impressionante.

Foi exatamente aqui que começou a flutuar a primeira (e até agora única) embarcação da Casas da Ria, atracada na marina de Olhão. A floating experience, é assim que se denomina o projeto, começou a balançar nas águas a 1 de outubro e pertence a Pedro Palma, 31 anos, e à irmã, Marina Travassos, 44. E ao irmão e à mãe também, toda a família deu uma ajudinha.

Aos 31 anos, Pedro Palma já conhecia bem o mundo da hotelaria. Começou como bagageiro num hotel na Lapa, saltou para rececionista num hotel em Faro, de onde é natural, a seguir regressou a Lisboa com a mesma função. Só que o bichinho de criar o seu próprio negócio não o largava.

"Começo a reparar que hostels, hotéis e alojamentos locais não faltam, parecem cogumelos", confessa à MAGG. "Queria diferenciar-me e fazer diferente."

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Atirou-se para a pesquisa. Primeiro pensou que poderia fazer um alojamento flutuante, depois lembrou-se que poderia imitar "as paliçadas que se veem nas Maldivas". Talvez pudesse ainda fazer algo semelhante às casas nos canais que tinha visto em Amesterdão.

A última ideia acabou por vencer. No ano passado deu início à elaboração do projeto. "Havia duas vertentes que eu queria: que fosse português e ecológico. Descobri em Aveiro uma construtora que faz este tipo de embarcações, em plataformas ecológicas."

A empresa chama-se Waterlily Boats e foi responsável por tornar realidade o catamarã. Pedro Palma e a irmã não queriam que fosse um barco típico, onde as pessoas dormem num convés ou abaixo da linha de água. Tinha de ser diferente, mais elegante, moderno e funcional. Lá dentro, foi a própria família quem tratou da decoração.

"O barco decora-se a ele próprio, nem precisa de muita coisa", realça Pedro Palma. De facto, as amplas janelas fazem o serviço (quase) sozinhas. Além disso, o facto de o barco ir rodando sobre ele próprio também ajuda. "Hoje acorda virado para norte, amanhã para sul."

Neste catamarã não falta sequer o rooftop

Numa embarcação portuguesa e 100% ecológica, tal como Pedro Palma queria, o espaço com aproximadamente 30 metros quadrados tem um quarto com cama de casal, casa de banho e sala com kitchenette, sendo que nesta última área a mesa pode ser convertida em mais uma cama de casal. Há ainda um rooftop com vista de 360 graus sobre a ria.

A embarcação está fundeada e os motores selados, não podendo ser navegada pelos hóspedes. Ainda assim, há um bote auxiliar para pequenas deslocações e táxi marítimo disponível 24 horas por dia.

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Além da possibilidade de poder dormir no catamarã, a embarcação também pode ser usada para eventos — como um brunch ou uma despedida de solteiro. Em eventos, o espaço tem capacidade para 12 pessoas, no caso de alojamento o máximo são quatro. Os primeiros hóspedes das Casas da Ria chegam este fim de semana, num programa de duas noites com brunch incluído (também tem essa opção, custa 75€).

Consoante a época, a estadia na Casas da Ria custa entre 215€ e 400€ por noite, com pequeno-almoço incluído. Os valores podem variar de acordo com o número de pessoas, dia da semana e duração da reserva. A estadia mínima é de duas noites e de cinco em agosto.

Além do brunch, também pode optar por uma tábua de queijos, enchidos e meia garrafa de vinho (75€); pastéis de nata, Dom Rodrigo, bolo folhado de Olhão ou cesto de fruta e um cálice de vinho do Porto e água (25€); ou espumante e morangos com chocolate branco (100€).