O caso está a chocar os Estados Unidos. Esta segunda-feira à noite, 12 de março, um cão morreu durante um voo da United Airlines entre Houston e Nova Iorque, depois de um assistente de bordo ter obrigado uma mulher, que viajava com uma criança e um bebé, a colocar o bulldog francês de dez meses nos compartimentos superiores da cabine.
Os passageiros ouviram o cão ladrar durante o voo, que dura em média 3h30, mas no fim o silêncio era total. Quando o avião aterrou, mãe e filha começaram a chamar o animal. Nada. A história macabra foi denunciada por uma das passageiras, Maggie Gremminger, no Twitter.
"Eu testemunhei o momento em que o assistente de bordo disse à mulher para pôr a transportadora com o cão dentro na bagageira da cabine", contou ao site de viagens One Mile At a Time. "Ela recusou veementemente, explicando-lhe que o cão estava lá dentro. O assistente de bordo continuou a insistir, até que ela finalmente cumpriu as instruções."
No final do voo, o cão estava morto. "A mulher estava no chão do corredor do avião a chorar."
June Lara foi outra das passageiras do voo que partilharam a história nas redes sociais. Seguia sentada no banco atrás desta família e, quando viu o cão, pensou que estava cheia de sorte por poder passar três horas a fazer festas ao bulldog francês. Só que não foi isso que aconteceu — o assistente de bordo insistiram que o cão fosse colocado na bagageira da cabine, e garantiram que era seguro para o animal.
"Não se ouvia um único som quando aterrámos e abrimos a bagageira. Não havia nenhum movimento quando a família chamava pelo seu nome. Eu segurei no bebé enquanto a mulher tentava ressuscitar o cãozinho de dez meses. Chorei com eles três minutos enquanto soluçavam sobre o corpo sem vida."
Apesar de os compartimentos superiores não serem resistentes ao ar, a falta de oxigénio deve ter sido a causa mais provável para a morte do animal.
Os animais podem ser guardados nas bagageiras das cabines?
As regras de transporte de animais variam consoante a companhia aérea. Em geral, os animais de pequeno porte podem ir dentro da cabine do avião, desde que estejam dentro de uma transportadora e os donos apresentem as devidas documentações.
Atenção à escolha de palavras: eles podem ir dentro da cabine do avião, não nas bagageiras das cabines. Se reunirem as condições necessárias para irem ao lado dos donos, devem ir acomodados dentro de uma caixa de transporte que é colocada por baixo do banco da frente.
Segundo o que a MAGG conseguiu saber junto de vários funcionários de companhias aéreas, que não se podem identificar, às vezes as transportadoras também podem ir no colo dos donos — pode ser particularmente útil quando o avião está em pleno voo e os animais estão mais irrequietos. Ainda assim, o que as regras ditam mesmo é que o cão ou gato vá por baixo do banco da frente.
As normas só são de facto menos rígidas para os cães de assistência (cães-guia, cães-ouvintes e cães de serviço). Tendo em conta que geralmente são maiores, são os únicos que têm permissão para ir fora de uma transportadora e junto dos donos. De um modo geral ficam aos pés do passageiro ou de lado, no corredor.
A United Airlines já pediu desculpa — mas este não é o primeiro caso polémico
Na terça-feira, 13 de março, um dia depois do incidente, a United Airlines assumiu a responsabilidade pelo sucedido. Em comunicado, a companhia aérea descreveu este como um "trágico acidente que nunca deveria ter acontecido, uma vez que os animais nunca devem ser colocados na bagageira da cabine."
O porta-voz da empresa, Charles Hobart, explicou que o assistente de bordo disse ao dono do animal para colocar a transportadora nos compartimentos superiores, uma vez que estava a obstruir parcialmente o corredor. A companhia está neste momento a tentar perceber porque é que não foi indicado à passageira que pusesse a transportadora por baixo do banco, uma vez que é esse o procedimento adequado.
Entre janeiro de 2012 e fevereiro de 2017, 53 animais morreram em voos da United Airlines. Só no ano passado foram 18. Os dados são dos relatórios Air Travel Consumer, realizados pelo Departamento dos Transportes dos Estados Unidos. Os números são particularmente preocupantes se tivermos em consideração que houve um total de 24 mortes em 2017 e 136 entre 2012 e 2017.
Vamos descomplicar estas contas. O relatório inclui um total de 17 companhias aéreas. Olhando para estes números, percebemos que no ano passado, 75% das mortes de animais durante voos aconteceram na United Airlines. Entre janeiro de 2012 e fevereiro de 2017, foram 39%.
O caso mais recente envolveu um coelho gigante comprado por uma celebridade que não se quis identificar. Simon, assim se chamava o coelho, tinha dez meses, 90 centímetros e um enorme potencial para entrar para o Guinness — não fosse ele filho de Darius, o maior coelho do mundo (1,32 metros). O animal morreu num voo entre Londres e Chicago e as causas nunca foram apuradas.
Nem sempre é possível perceber se houve negligência por parte da companhia aérea ou não. Entre as quatro mortes em voos da United Airlines em janeiro de 2017 está Hope, um gato de nove anos que suspeita-se que sofresse de insuficiência cardíaca; Rocco, um cão que sofria de uma doença cardíaca congénita; e dois geckos (família de répteis escamados da família dos lagartos) foram encontrados mortos ao chegar ao aeroporto de Raleigh-Durham, mas não foi realizado nenhum exame médico.