A forma como armazenamos os frescos na cozinha não só interfere com o tempo de vida dos alimentos, como também influencia a preservação do sabor e texturas. No caso dos tomates, não havia dúvidas: para se tirar o maior partido do seu caráter gustativo e de todas as suas propriedades, o melhor era mesmo guardá-los junto de outras frutas, fora do frigorífico.
Era isto que a ciência vinha a dizer há muito tempo. Até agora. É que um novo estudo, publicado a 13 de maio na revista Frontiers in Plant Science, concluiu que, entre o frio e a temperatura ambiente, não há uma forma ideal para se armazenar o tomate, importando apenas a altura em que este é colhido (deve estar maduro) e a qualidade do própria cultura de onde ele nasce. Dados desta investigação, mostram que, seja no frigorífico, seja fora dele, o sabor desta fruta mantém-se exatamente igual.
Para que se pudessem tirar estas conclusões, os autores do estudo reuniram vários experientes provadores de tomate, pedindo-lhes que avaliassem várias raças e cruzamentos deste fruto, cada uma delas armazenada durante quatro dias à temperatura ambiente ou quatro dias num frigorífico, com temperaturas de cerca de sete graus celsius.
A doçura, a cor, a acidez e a suculência foram os critérios tidos em conta. Contrariamente ao que se esperava, o painel de jurados não conseguiu detetar diferenças entre aqueles que tinham sido conservados à temperatura ambiente e àqueles que tinham sido conservados no frio. A investigação não se ficou por aqui. Além deste júri, os especialistas submeterem os tomates a uma série de outros testes laboratoriais, para analisar os seus valores nutricionais, mais concretamente, os níveis de carotenóides (compostos responsáveis pela pigmentação laranja e avermelhada dos produtos vegetais e que podem ser convertidos em vitaminas) e de concentrações de açúcar.
Uma coisa é certa: quanto mais fresco for ingerido o produto, melhor será a sua qualidade e sabor. "Quanto mais curto o período de armazenamento, melhor é o sabor e os atributos relacionados", diz o cientista Elke Pawelzik, investigadora no departamento da qualidade de produtos à base de plantas, da Universidade de Göttingen, na Alemanha.
Sobre o facto de os tomates ficarem menos suculentos e saborosos com o efeito do frigorífico, mais do que a culpa ser do frio, pode, na realidade, ser da qualidade do produto, concluíram os investigadores, que analisaram o produto maduro, das culturas modernas que tendem a não são muito apreciadas, de acordo com o que já foi sugerido por outras pesquisas. Mesmo à temperatura ambiente, colhidos na altura certa e transportados nas condições ideais, estes tomates mostraram ter, na sua génese, propriedades menos saborosas e nutritivas.
Portanto, mais do que a conservação ao frio ou à temperatura ambiente, importa a origem do produto. É que o sabor depende da forma como se cultiva o produto.