Mário Machado foi dispensado por um juiz do Tribunal de Instrução Criminal de Lisboa das apresentações quinzenais numa esquadra para combater na Ucrânia, mas um funcionário da embaixada daquele país em França afirma que o nacionalista não pode ser aceite na Legião Internacional de Defesa Territorial das Forças Armadas da Ucrânia.

De acordo com o coronel Sergii Malyk, adido militar da embaixada ucraniana, o país quer "impedir a infiltração de elementos criminosos e não confiáveis na Ucrânia e nas suas Forças Armadas", tal como escreve o "Diário de Notícias". "Se sabem de pessoas deste tipo que queiram ir para a Ucrânia, digam. Não queremos indivíduos deste género no nosso país", acrescentou o militar em entrevista ao mesmo jornal, onde também garantiu que o nome de Mário Machado seria transmitido "a todos os serviços".

Mário Machado vai combater na Ucrânia e deixa de estar obrigado a apresentar-se na esquadra
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Para combater na Ucrânia, o principal critério é a ausência de condenação por crimes, comprovada através do registo criminal, tal como explica o coronel, algo que não acontece com o nacionalista. Mário Machado tem um registo criminal que inclui diversas condenações, como a sentença de quatro anos e três meses de prisão pelo envolvimento na morte de Alcindo Monteiro, um português de origem cabo-verdiana que foi assassinado por um grupo de "skinheads" em junho de 1995. Para além disso, atualmente, o nacionalista é arguido num processo de incitamento ao ódio racial e violência nas redes sociais e também num processo de posse ilegal de arma.

Autorização de dispensa de Mário Machado foi dada por juiz

O nacionalista foi dispensado das apresentações quinzenais por um juiz do Tribunal de Instrução Criminal de Lisboa, conforme avançou o jornal "Expresso" a 18 de março. O tribunal considerou que devido à "situação humanitária vivida na Ucrânia e as finalidades invocadas pelo arguido para a pretensão [este] poderá deixar de cumprir a referida medida de coação enquanto estiver ausente no estrangeiro", cita o mesmo jornal, que teve acesso à decisão sobre o neonazi.

Mário Machado tinha anunciado anteriormente a intenção de combater numa milícia de extrema-direita ucraniana e no início do mês, o advogado, José Manuel Castro, enviou o pedido ao Tribunal de Instrução Criminal de Lisboa.

No documento, escreveu que o arguido "mobilizou um grupo de pessoas de diversas nacionalidades que se propõe ir para a Ucrânia prestar ajuda humanitária e, se necessário, combater ao lado das tropas ucranianas".