Foram cinco dias intensos a bater cada metro de terreno da zona da aldeia de Le Vernet, nos Alpes franceses. E sem qualquer resultado. Centenas de homens e mulheres, entre polícias, bombeiros e civis, varreram por completo toda a região em busca de alguma pista que pudesse ajudar a explicar o desaparecimento do pequeno Êmile, de 3 anos, que foi visto pela última vez às 17h50 de sábado passado, 8 de julho, junto à casa dos avós na aldeia de Le Vernet. Mas apesar de todos os meios humanos, dos cães pisteiros e de drones não foi encontrada qualquer pista, suspeita ou ligação que ajude a sustentar uma tese para o desaparecimento do menino. Também por isso, a hipótese de rapto, que estava em cima da mesa desde o início mas era menos provável do que as que defendiam que a criança se teria perdido nos bosques ou até que tivesse sido levada por um lobo, ganha cada vez mais força. "Nenhuma teoria é favorecida, nenhuma teoria é excluída", garantiu, no entanto, o procurador regional de Digne, Rémy Avon, citado pelo "Le Monde", na noite desta quinta-feira, 13 de julho, na mesma altura em que confirmou que as buscas estavam oficialmente terminadas.

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A investigação entra agora "numa segunda fase". "Iremos analisar a massa considerável de dados recolhidos" durante os últimos cinco dias em Haut-Vernet, disse ainda Rémy Avon. O que o procurador estava a mencionar eram as mais de 1200 mensagens que as autoridades receberam com supostas pistas e avistamentos da criança bem como a análise detalhada às antenas de telemóvel na região, que captaram todos os aparelhos que estiveram ligados na zona na altura do desaparecimento de Êmile, para que se consiga perceber se algum número é de fora da zona, ou estranho à aldeia.

"Para já, é o fim da operação judicial prevista. Mas é evidente que voltaremos ao local se as pistas ou os elementos recolhidos até agora nos obrigarem a ir verificar certas coisas ou a fazer buscas em certos sítios", adiantou ainda o magistrado. Um dos desafios principais da polícia, nesta nova fase, é manter a aldeia isolada e longe do olhar e da contaminação de turistas e curiosos, que têm tentado por todas as formas chegar à aldeia e partilhar imagens nas redes sociais. A ideia é "proteger a investigação", como disse o procurador. A região de Haut-Vernet ficará isolada durante mais alguns dias para "proteger as famílias e afastar a curiosidade turística", confirmou o presidente da Câmara da aldeia de Le Vernet, François Balique, citado pelo "Le Monde".

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Também esta quinta-feira foi confirmado pelas autoridades que, ao contrário do que vinha sendo noticiado, Êmile não estaria de férias sozinho com os avós na aldeia, mas sim com muitas outras pessoas da família. Na altura do seu desaparecimento, "vários outros membros da família estavam também presentes" na casa onde a família passava férias há cerca de vinte anos, confirmou o procurador Rémy Avon. "Até sabermos a verdade, as coisas vão continuar tensas. É difícil para a família, esta incerteza é terrível", desabafou ainda o presidente da Câmara de Le Vernet. "As pessoas da aldeia precisam de saber o que aconteceu".