Não importa se é de esquerda ou de direita: o mais provável é que não confie nos políticos, dado que foi justamente isso que o relatório da OCDE (Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Económico) mostrou. Para a investigação, os portugueses tiveram de avaliar de 0 a 10 o quanto confiavam nas instituições públicas do País e o resultados não deixam dúvidas.

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O primeiro lugar de confiança é entregue às pessoas — ainda antes de qualquer instituição — com uma avaliação de 6,8. Com apenas menos uma décima, o segundo lugar é da polícia, com 6,7. Os dois primeiros lugares mostram níveis de confiança bastante elevados, mas a partir daqui os números descem de forma vertiginosa. A seguir surgem as organizações internacionais (5,7), câmara municipal (5,5), comunicação social e funcionários públicos (5,3).

Com um nível “não confiável” seguem-se os tribunais e sistema judicial (5), Assembleia da república (4,8), Governo (4,7) e por último os partidos políticos (3,6).

A nível político, é possível encontrar alguns fatores justificáveis para a falta de confiança dos portugueses no Governo e em partidos. Tal como explica o “Público”, o tempo de campanha eleitoral do PS para as eleições, o período em que o novo Governo assumiu o poder e a guerra na Europa são fatores que influenciam o nível de confiança dos portugueses.

O nível de confiança no governo diminuiu desde o ano passado. Em novembro de 2021, o relatório da OCDE sobre a COVID-19 e o bem-estar demonstrava que os portugueses estavam mais confiantes com o executivo de António Costa, um nível de 61%. Sendo que no ano anterior a confiança era de 44%.

Ainda assim, a realidade da confiança dos portugueses no Governo em comparação com os restantes países da OCDE é muito semelhante.

O estudo foi realizado na Áustria, Bélgica, Dinamarca, Estónia, Finlândia, França, Irlanda, Letónia, Luxemburgo, Países Baixos, Suécia, Austrália, Canadá, Colômbia, Coreia, Islândia, Japão, México, Noruega, Nova Zelândia e Reino Unido.

Os valores da confiança dos portugueses chocam com os restantes países em relação à justiça. A média de confiança em tribunais portugueses é de 42,1% e nos outros 22 é de quase 60% (56,9%). Na comunicação social é bastante superior do que nos restantes países, de 48,3% para 38,8%.

Temas que os portugueses gostavam de ser mais ouvidos? Desigualdades sociais, questões de igualdade, igualdade de oportunidades e adaptação tecnológica.