A varíola dos macacos já chegou, pelo menos, a 14 países. A Bélgica foi o primeiro país a decretar quarentena de 21 dias para pessoas que testem positivo ao novo vírus e o Reino Unido seguiu o exemplo, alargando a medida também a contactos de risco. No entanto, as opiniões dividem-se face à gravidade do surto.

Bélgica é o primeiro país a declarar quarentena de 21 dias para casos de varíola dos macacos
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No total, são já 92 casos confirmados e 28 casos suspeitos de varíola dos macacos sob investigação em, pelo menos, 12 países, informou a Organização Mundial da Saúde num comunicado citado pela CNN Portugal.

O número de casos suspeitos e confirmados ultrapassa assim a marca de uma centena, mas a tendência será a de continuar a aumentar, alerta a OMS.

"A situação está a evoluir e a OMS espera que haja mais casos de varíola dos macacos identificados à medida que a vigilância se expande em países não endémicos", lê-se no mesmo texto.

"Este é um vírus que entendemos"

O número de casos à escala mundial continua a aumentar diariamente, mas os Estados Unidos têm vindo a lidar com a evolução do surto de forma calma e positiva.

Joe Biden considera que, pelo menos para já, não há motivo para impor mais medidas para controlar a propagação do vírus e explica porquê. "Em primeiro: tivemos largos números de Monkeypox no passado; em segundo: temos vacinas para tratar a doença; e em terceiro: para já não há nada que nos indique que seja preciso criar novas medidas para conter o que se está a passar", afirmou, em declarações citadas pela Rádio Renascença, enquanto protagonizava uma visita ao Japão.

Varíola dos macacos não 'escolhe' a comunidade LGBT. "Não há doenças de homossexuais nem de heterossexuais"
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Apesar de o número de casos estar a aumentar, o presidente dos Estados Unidos reconhece que "não chega ao nível de preocupação que existiu com a COVID-19", com a ressalva de que, mesmo com a existência de vacinas, as pessoas "devem tomar cuidados".

E o ponto de vista de Joe Biden é sustentado pelas declarações de Ashish Jha, coordenador de resposta à COVID-19 da Casa Branca. Jha admite que os Estados Unidos podem vir a registar mais casos nos próximos dias, mas garante que este é um vírus diferente em comparação ao da COVID-19, tanto pela forma como se propaga, como pelo conhecimento prévio da doença que o mundo já adquiriu.

"Sinto que este é um vírus que entendemos, temos vacinas contra ele, temos tratamentos contra ele e espalha-se de maneira muito diferente do SARS-CoV-2 [COVID-19]", começou por explicar. "Não é tão contagiosa como a COVID. Portanto, estou confiante de que seremos capazes de agarrá-lo", acrescentou.

Vírus pode ficar incubado até 21 dias

O vírus pode transmitir-se através do contacto com uma pessoa ou animal infetado ou por materiais contaminados, segundo o Centro Europeu de Prevenção e Controlo das Doenças (ECDC). Não tem qualquer ligação direta ao género ou orientação sexual, como especialistas já reforçaram, e entra no corpo através de partes danificadas na pele, por gotículas respiratórias ou fluidos corporais.

A infeção com varíola dos macacos provoca sintomas como febre, dor de cabeça, dores musculares e nas costas, nódulos linfáticos inchados, arrepios de frio, exaustão e ainda erupção cutânea. O vírus pode ficar incubado entre seis a 16 dias, mas pode chegar aos 21, daí o isolamento prolongado definido pela Bélgica.

No caso, à semelhança do Reino Unido, que, depois de registar 20 casos confirmados, decretou esta segunda-feira, 23 de maio, a mesma medida também para contactos de alto risco.

Ainda assim, e apesar de os Estados Unidos se mostrarem confiantes no que ao controlo da doença diz respeito, os Centros de Controlo e Prevenção de Doenças dos EUA estão a avaliar se uma vacina contra a varíola deve ser oferecida aos profissionais de saúde que tratam pacientes com varíola dos macacos e outras pessoas que podem estar em "alto risco" de exposição, noticia a CNN Portugal.

Até à data, há 14 casos confirmados em Portugal.