Harvey Shackell é um homem britânico que há mais de 60 anos foi abandonado numa caixa de cartão à porta de uma casa no dia de Natal, quando era ainda um recém-nascido. Depois de seis décadas, Harvey encontrou todas as respostas que necessitava para saber quem é. Não só reencontrou-se com a mulher que o ajudou, como descobriu mais duas irmãs e 16 meios-irmãos.

Naquele dia de Natal do ano de 1960, Vera Wood descobriu um bebé à sua porta. “Por volta das 4 da manhã, ouvi um barulho no meu jardim da frente. Abri as cortinas e vi uns rapazes a correr pelo portão. Depois, por volta das 6 horas, ouvi um bebé a chorar, mas não pensei em nada porque a vizinha tinha sido mãe há poucos meses”, contou Vera, atualmente com 89 anos, citada pelo jornal “Mirror”.

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Apenas por volta das 9 horas da manhã é que abriu a porta de casa para receber o leiteiro e encontrou uma caixa de cartão com um bebé no seu interior. “Não se ouvia qualquer som vindo da caixa, mas quando tirámos o pequeno cobertor castanho de cima, estava um bebé deitado no fundo. Estava exausto por ter chorado toda a noite, sem parar. Estava ali deitado, em silêncio, com os olhos fechados”, descreveu a mulher de 89 anos.

“Não tinha nada nos pés, nem nas mãos, nem um gorro na cabeça. Trazia um pequeno pano à volta do corpo, como uma fronha de almofada, enrolado entre as pernas, com dois pequenos alfinetes a segurar ambos os lados. Embora tivesse um casaco de malha azul grosso por cima e um cobertor, o bebé estava ainda com frio. Foi o seu peso que o ajudou a sobreviver. Mais tarde, descobri que pesava 2,5 kg”, mencionou Vera.

Esta mulher tinha já três filhos quando encontrou o recém-nascido, e não conseguiu ficar com Harvey. “Fiquei a acariciar o bebé até a polícia chegar. O meu marido ficou em choque e a minha filha mais velha pensou que o Pai Natal lhe tinha dado um irmãozinho. Adoraria ter ficado com ele, mas tinha mais três filhos e não era possível”, referiu a mulher de 89 anos.

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Harvey acabou por ser adotado por uma nova família e, depois de mais de seis décadas, decidiu que estava na hora de conhecer a sua família biológica. “Tive uma boa educação, com uma mãe, um pai e um irmão adotivo que me adoram, mas com o passar dos anos fiquei sempre com uma dúvida de onde é que teria realmente vindo”, contou o homem de 62 anos.

Depois de ter lançado um apelo no jornal “Mirror”, a dizer que queria conhecer a sua família biológica, e de ter participado no programa de televisão "Long Lost Family: Born Without Trace", Harvey acabou por encontrar Vera Wood, assim como uma irmã mais velha.

“Quando o conheci, fiquei destroçada e eu sei que ele também. Puxou-me para os seus braços e deu-me um grande abraço. Agora não nos largamos um ao outro e disse-lhe que já podia ir para a minha sepultura em paz e feliz”, mencionou Vera quando se reencontrou com Harvey.

“É espantoso que ela tenha pensado em mim durante todos estes anos. Sabendo que a Vera me encontrou e que sobrevivi de um dia para o outro, foi um choque perceber que eu podia não ter sobrevivido e que estou aqui provavelmente devido à sorte”, acrescentou Harvey.

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O encontro com Cherry, a irmã biológica mais velha, aconteceu depois de Harvey ter acesso aos resultados de ADN, que revelaram que ambos os pais já tinham morrido. Mas estes resultados mostravam ainda que este homem tinha mais uma irmã, para além de Cherry.

“No início não acreditei. É um milagre ele ter sobrevivido. Sinto-me culpada por os meus pais terem ficado comigo e ele ter sido abandonado. Não me parece justo. Sempre quis ter um irmão. Ele teve uma vida difícil”, referiu Cherry, apontando que foi o pai quem tomou a decisão de abandonar o recém-nascido. “Foi o meu pai que o levou, deixando a mãe muito angustiada”, acrescentou.

Depois de mais algumas investigações, descobriu-se que o pai de Harvey e Cherry teve relações com várias mulheres, dando origem a 16 filhos no total, que foram adotados ou deixados em lares de crianças.

“É óbvio que o meu pai não era uma pessoa muito simpática. A minha mãe devia estar num estado terrível. Tiraram-me dela e ela nunca soube que eu estava vivo. Pensar no meu pai adotivo, que infelizmente morreu há dez anos, que era completamente o oposto, um homem tão gentil e simpático. O facto de nunca ter conhecido a minha mãe faz-me pensar que gostaria de não ter esperado tanto tempo”, contou Harvey.

Após o encontro com a sua irmã mais velha, Harvey já conheceu outros meios-irmãos que estão espalhados por toda a Europa. “O que é impressionante é a forma como a minha família biológica me acolheu e me aceitou. Conheci a Vera e pensei que não podia ser melhor do que isso, mas depois consegui encontrar a cereja no topo do bolo ao relacionar-me com todos os meus irmãos”, mencionou Harvey.