Jenin, na Cisjordânia, é por estes dias um dos principais palcos do conflito militar Israel-Hamas, que começou em outubro de 2023 com o atentado levado a cabo pela organização palestiniana. No terreno a fazer cobertura noticiosa da escalada de violência no Médio Oriente, a equipa de reportagem da RTP, composta pelo jornalista Paulo Jerónimo e pelo repórter de imagem Marques de Almeida, viu o carro onde seguia atingido por disparos do exército israelita.
O episódio aconteceu na sexta-feira, 30 de agosto e, de acordo com Paulo Jerónimo, enviado especial da RTP, outro grupo de jornalistas "foi atacado a tiro". "Não há qualquer tipo de postura que permita estabelecer o diálogo. Jenin é uma cidade sitiada", conta o jornalista.
"Há uma postura militar muito forte por parte das forças de segurança israelitas. Eles disparam para tudo o que mexe, não dão sequer oportunidade de diálogo. Quem está dentro do perímetro da cidade pode permanecer, quem está fora é imediatamente afastado e de uma forma violenta, com disparos diretos para pôr as pessoas dali para fora", explicou ainda Paulo Jerónimo este sábado, 31, em direto de Telavive.
"A situação é bastante complicada. Jenin está a ficar numa situação catastrófica. Jenin não tem eletricidade, também não tem alimentação a entrar. Há muitos problemas, as pessoas estão com muito medo e mesmo os que estão em casa estão sujeitos a que os militares das forças israelitas lhes entrem em casa", acrescentou ainda o repórter da estação pública de televisão.
A ofensiva nesta zona da Cisjordânia começou a 28 de agosto e as forças israelitas já declararam que esta operação permitiu eliminar Wassem Hazem, líder do Hamas. No entanto, o uso "ilegal" de força já foi denunciado pelo Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos. As Nações Unidas avançam que esta operação, que está acontecer no campo de refugiados de Jenin e arredores "resultou aparentemente em mortes ilegais, na insegurança dos residentes palestinianos e na destruição massiva do campo, que alberga cerca de 11.000 palestinianos".
Este domingo, 1 de setembro, está prevista uma pausa humanitária de três dias entre o Hamas e Israel para a vacinação contra a poliomielite durante três dias levada a cabo pela Organização Mundial da Saúde. A iniciativa da OMS terá como prioridade 640 mil crianças e, depois, a restante população. Esta doença é "causada pelo poliovírus, um vírus muito contagioso do grupo dos enterovírus e que se espalha pelas secreções orais e fezes". Segundo o site do SNS, "esta doença pode não dar sintomas, mas em alguns casos pode ser extremamente incapacitante ou mesmo mortal, uma vez que ao invadir o sistema nervoso pode provocar paralisia dos músculos respiratórios".