Jair Bolsonaro foi entrevistado por William Bonner e Renata Vasconcellos no "Jornal Nacional" da TV Globo, esta segunda-feira, 21 de agosto. Esta foi a primeira de uma série de entrevistas aos candidatos presidenciais brasileiros, que estão agendadas para esta semana, no principal noticiário televisivo do país.

Isto porque o Brasil está em época de eleições presidenciais, que estão agendadas para o dia 2 de outubro – no entanto, caso nenhum dos candidatos consiga reunir mais de 50% dos votos, haverá uma segunda volta entre os dois mais votados no dia 30 de outubro.

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Jair Bolsonaro é o atual presidente do Brasil e recandidatou-se pelo Partido Liberal (PL) nestas eleições que ficam marcadas pelo regresso de Lula da Silva, antigo presidente brasileiro. Do Partido dos Trabalhadores (PT), esteve em funções de 2003 e 2011, tendo estado preso durante quase dois anos, entre 2018 e 2019 e é um dos concorrentes mais fortes de Bolsonaro.

No que à entrevista diz respeito, Jair Bolsonaro protagonizou alguns momentos que foram amplamente partilhados na Internet devido ao teor das suas afirmações. Veja os cinco que recolhemos.

Levou uma cábula

Vários temas foram abordados: democracia, pandemia, meio ambiente e economia – e nenhum deles fazia parte dos planos de Bolsonaro, já que levou uma cábula com quatro temas diferentes na palma da mão.

O recandidato à presidência escreveu, a caneta azul,"Nicarágua", “Argentina”, “Colômbia” e “Dário Messer”, assuntos que não chegaram a ser abordados.

Acusou o jornalista de fake news

William Bonner confrontou Bolsonaro com o facto de ter chamado “canalha” a Alexandre de Moraes, presidente do Tribunal Superior Eleitoral, durante uma manifestação que reuniu milhares de apoiantes, no ano passado, a 7 de setembro, dia da Independência do Brasil.

O candidato acusou-o imediatamente de "fake news". O jornalista tentou perceber a razão que levou Bolsonaro a dizer o que disse, reiterando e reformulando a pergunta.

No entanto, para Bolsonaro, a falsidade não se devia ao facto de não ter feito o que o jornalista alegava, era apenas o uso plural: “Você falou ministros, falou ministros. Foi um ministro específico. Está refeita aqui a dúvida?”, perguntou a William Bonner.

A polémica do jacaré foi só uma "figura de linguagem"

Quando chegou a altura de falar sobre a COVID-19, Bolsonaro também deixou a Internet em brasa. Renata Vasconcellos iniciou o debate em relação a esta temática e relembrou o candidato das atitudes que teve durante a pandemia. Entre elas estavam imitar a respiração dos infetados pelo vírus (isto é, replicar as crises de falta de ar dos doentes) e desmarcar-se do facto de as pessoas estarem a morrer, dizendo "não sou coveiro".

Além disso, a jornalista enfatizou a campanha de anti-vacinação que, no início, o candidato levou a cabo, ao dizer que quem tomasse a vacina iria "virar jacaré". Em resposta, Bolsonaro refere que tudo não passou de uma "figura de linguagem" – a expressão causou alguma confusão na jornalista, pelo que teve de perguntar se estaria a experienciar um "caso de brincadeiras".

A Amazónia está no Brasil, mas quis falar da Europa

Bolsonaro desviou a atenção da crise ambiental na Amazónia, ao ser questionado sobre a sua política florestal, sobre os incêndios e sobre o aumento do processo de desflorestação na mais importante floresta do mundo.

O presidente brasileiro fê-lo, enumerando países como França, Espanha e Portugal onde há incêndios graves com frequência e dos quais, segundo ele, ninguém fala.

Além das fake news, acusou o jornalista de o estimular a ser ditador

Na reta final da entrevista, William Bonner questiona o candidato sobre qual será a sua estratégia para chegar eleitores que se sentem traídos pela aproximação aos partidos mais centrais (ou "centrão", o termo utilizado durante a entrevista).

“Você está me estimulando a ser ditador” foi a resposta de Jair Bolsonaro. Isto porque, segundo ele, os partidos de centro representam 300 dos mais de 500 deputados do Congresso e, por isso, negociar com esses partidos é essencial.