Kaylea Titford foi encontrada morta aos 16 anos. Diagnosticada com espinha bífida e obesidade mórbida, a adolescente era dependente de uma cadeira de rodas e dos pais, os seus cuidadores. Kaylea, que morreu em outubro de 2020, durante o confinamento causado pela pandemia da COVID-19, esteve seis meses confinada à sua cama. Os pais da jovem foram agora condenados por homicídio negligente.
Segundo a "BBC", quando o corpo da jovem de 16 anos foi encontrado, os serviços de emergência deram-se conta de um cenário aterrador. O cadáver estava repleto de larvas que se alimentavam do corpo. Para além disso, segundo foi relatado em tribunal, o quarto, em Newtown, no País de Gales, estava cheio de garrafas com urina, restos de comida e tinha uma infestação de moscas.
A morte de Kaylea tem sido notícia internacional, sobretudo devido às condições em que foi encontrada. A jovem pesava 146 quilos, andava de cadeira de rodas, e era totalmente dependente da ajuda dos pais, Alun Titford, de 45 anos, e Sarah Lloyd-Jones, de 40, que têm ainda mais cinco filhos.
Agora, o pai, Alun, foi condenado a sete anos e seis meses de prisão por homicídio negligente, e a mãe, Sarah, que já tinha admitido o crime anteriormente, a seis anos.
Em tribunal, a promotora de justiça Caroline Rees afirmou que estas "falhas graves (dos pais) foram escondidas do mundo", devido à época em que o caso se sucedeu, durante a pandemia, o que resultou em que a filha do casal vivesse em condições desumanas durante meses. Foi mencionado no julgamento que Kaylea "comia, dormia e defecava" na sua cama.
Para além disso, foram ainda reveladas em tribunal mensagens em que a jovem pedia ajuda à mãe, por "necessidades de incontinência", que Sarah escolhia ignorar. Durante o processo de investigação, foi descoberto que, nos meses antes da morte da jovem, a família gastou mais de mil euros em despesas de comida por take-away.
O advogado de defesa do pai alegou em tribunal que os serviços sociais e de saúde dececionaram a jovem, uma vez que a mesma havia sido dispensada de sessões de fisioterapia em 2017, e que no ano a seguir também deixou de ter consultas de nutrição porque a mãe não lhe teria marcado uma nova consulta.
Na sua comunidade, em Newntown, Kaylea era conhecida por ser uma jovem adorável, que apesar das adversidades físicas que enfrentava, praticava basquetebol de cadeira de rodas, e falava-se inclusive em ser uma possível atleta paralímpica.