Entre máscaras de proteção pessoal e testes rápidos, o mundo já terá produzido mais de oito milhões de toneladas de lixo de plástico devido à pandemia. Pelo menos, é esta a conclusão de um novo estudo, realizado por uma equipa de investigadores dos EUA e da China, divulgado na revista científica "Proceedings of the National Academy of Sciences".
O estudo teve em consideração o período compreendido entre o início de 2020 e agosto de 2021 e contou com duas variáveis de análise: o número de infeções por COVID-19 durante esse período e a taxa de lixo produzido que, na altura, já estava a ser estudada por outros investigadores.
Só assim seria possível analisar quanto do lixo produzido esteve, afinal, relacionado com a pandemia. E os dados não são animadores, com os cientistas a concluir que foram produzidas mais de oito milhões de toneladas de plástico, sendo que, desse número, cerca de 26 mil toneladas terão ido parar aos oceanos.
"Concluímos que os maiores contributos vieram de resíduos de hospitais de países em desenvolvimento na Ásia e na América do Sul", explica Yanxu Zhang, investigador da Escola de Ciências Atmosféricas da Universidade de Nanquim, na China, ao jornal "Público".
Na categoria de "resíduos de hospitais" incluem-se seringas ou frascos para infusões. Na categoria abaixo de lixo mais produzido estão os resíduos individuais, como as máscaras faciais de proteção individual ou os kits de testes.
O investigador diz que os países que mais contribuíram para este valor alarmante foram o Brasil e a Índia — que, aliás, registaram o maior número de casos de infeção por COVID-19 durante um longo período de tempo. Portugal terá produzido entre as 18 mil e as 54 toneladas métricas de lixo, garante o investigador ao mesmo jornal.
“Percebemos que nos países em desenvolvimento os hospitais são um ponto crucial do lixo de plástico associado à pandemia. Temos de melhorar a gestão dos resíduos hospitalares nos países em desenvolvimento", refere, nas mesmas declarações.